Ganesha simboliza a sabedoria, inteligência, amor, fertilidade e prosperidade. É o primeiro a ser invocado nas cerimônias para garantir o sucesso em qualquer empreendimento. Ele destrói todos os obstáculos materiais e espirituais. Os indianos dedicam à Ganesha o dia 9 de setembro para homenageá-lo (é feriado na Índia e as festividades duram uma semana)... veja "A História de Ganesha" postado no Blog em julho/2009

“O Yoga acredita em transformar o individual antes do universal.
Qualquer mudança que nós quisermos que aconteça fora de nós, deve primeiramente acontecer dentro de nós.
Se você caminha em paz e expressa esta paz em sua vida cotidiana, outros verão você e certamente aprenderão algo.”




segunda-feira, 28 de setembro de 2009

YOGA EM OITO PARTES

Todo aquele que pertence ao universo do yoga, seja como um praticante antigo ou um iniciante interessado no que faz, já ouviu em algum momento sobre o Ashtanga Yoga de Patanjali.
Apesar de algumas diferentes versões sobre quem teria sido Patanjali, o que é importante ter em mente neste momento é que a compilação dos Yoga sutras foi atribuída a ele. Portanto, Patanjali não criou o Yoga, apenas compilou e sintetizou o conhecimento védico através dos aforismos contidos no Yoga sutra.
Ashta significa oito e anga quer dizer partes ou membros. Ashtanga Yoga de Patanjali é um tratado sobre Raja Yoga baseado na escola Samkhya e no Bhagavad Gita e descreve a essência do Yoga através de oito estágios.
Os estágios descritos por Patanjali vão do mais denso ao mais sutil estado de introspecção. Por meio da prática de cada um destes estágios é que o homem se torna puro e inteiro com sua natureza divina.
As oito partes do Ashtanga Yoga são: Yamas, Niyamas, âsanas, Pranayama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi.
Em geral, quando alguém procura pelo Yoga o faz com o foco no ásana que é a técnica mais conhecida e visível do Yoga e corresponde às suas posições psico-físicas.
As motivações para se buscar a prática do yoga são diversas e geralmente estão relacionadas a necessidade de adquirir bem estar físico e mental ou por alguma indicação terapêutica. Muitas pessoas nem imaginam que os âsanas são apenas uma pequena parte do que representa o Yoga.
Segundo os textos clássicos, antes mesmo de se aventurar na prática dos âsanas, o primeiro passo em direção ao verdadeiro caminho do yoga é viver de maneira ética seguindo os passos descritos como YAMAS e NIYAMAS que são os alicerces de uma prática consistente, são os códigos de conduta do praticante.
Os Yamas são princípios, código moral a ser seguido em relação ao ambiente externo. São eles: ahimsa, a não violência, satya, a verdade, asteya, não roubar/honestidade, brahmacharya, a não-dissipação da energia sexual, aparigraha, a não possessividade,
Os Niyamas são as disciplinas pessoais, orientações a seguir em relação a si mesmo. São eles: sauchan, a limpeza, santosha, o contentamento, tapas, auto-superação, svádhyáya, o auto-estudo, Ishvara pranidhana, a entrega a Ishvara, ao Absoluto.
A observância desses códigos de conduta e o comprometimento em segui-los associados às outras partes do Ashtanga Yoga permite ao praticante evoluir rumo ao objetivo final que é o auto-conhecimento, a evolução pessoal e a libertação.
Os âsanas conforme já mencionado anteriormente, são as posturas psicofísicas do yoga e Patanjali defini como sendo “a postura, firme e confortável” (sthirasukham ásanam, YS,II:46).
Pranayama é o processo de expansão da energia vital por meio do controle respiratório. Através dos diversos tipos de pranayamas podemos controlar nossa agitação mental e gerar energia e equilíbrio para o corpo físico
Pratyahara é o domínio dos sentidos, é a libertação dos diversos impulsos sensoriais.
Ásana, pránáyáma e pratyáhára dão ao praticante uma infra-estrutura física e mental firme para que possa suportar as transformações decorrentes do seu processo de auto conhecimento.
Dharana é a concentração da mente sobre um objeto e o seu campo. Por meio de Dharana aumentamos nossa concentração em relação a vida e ao trabalho.
Dhyana é o estado meditativo, a meditação propriamente, o momento em que entendemos claramente os nossos pensamentos sem julgamentos e com muita lucidez.
Samadhi é o estado supremo de percepção e controle das funções da consciência onde perdemos a identificação com o EU e entendemos a consciência universal.
Uma vez que entramos em contato com os estágios do Yoga e tentamos aplicá-lo na vida diária, percebemos como o Yoga é uma ciência vasta e profunda e que seu significado jamais poderia ser entendido em uma única definição.



Andreza Plais

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

NAVARATRI PUJA

No mês de setembro/outubro (de 19 a 28/09), na maior parte da índia é celebrado o Navaratri Puja. O Navaratri Puja é o culto de adoração ao Aspecto feminino de Deus denominado DEVI em suas diversas formas, Durga, Lakshmi e Saraswati. Esta celebração dura 9 noites. Navaratri significa “nove noites sagradas” (Nava = nove + ratri = noite). A navaratri é celebrada para remover nossa ignorância existencial muitas vezes alimentada pelo EGO. Cada devi é adorada por 3 dias e o décimo dia, é chamado Vijayadasami (Dia da Vitória) onde é celebrada a destruição do ego e a luz do conhecimento.

Qual é a melhor religião?

Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama.

LeonardoBoff explica:No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga: - "Santidade, qual é a melhor religião?"(Your Holiness, what´s the best religion?)Esperava que ele dissesse: "É o budismo tibetano com certeza!" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo!"
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos, o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou: “- A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz uma pessoa melhor depois que você a pratica."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar: - "O que me faz melhor?" Respondeu ele: -"Aquilo que te faz mais compassivo". (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável, mais feliz, mais saudável, mais harmonioso... mais ético... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..." Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...
Não me interessa amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião. O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo...
Lembremos:"O Universo é o eco de nossas ações e nossos pensamentos".A Lei da Ação e Reação não é exclusiva da Física. Ela está também nas relações humanas. Se eu ajo com o bem, receberei o bem. Se eu ajo com o mal, receberei o mal.Aquilo que nossos avós nos disseram é a mais pura verdade: "terás sempre em dobro aquilo que desejares aos outros".Para muitos, ser feliz não é questão de destino.
É de escolha.Pense nisso e escolha a melhor religião pra VOCÊ!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NoRmOsE

Texto de Martha Medeiros inspirado na Palavra NORMOSE criada pelo Professor Hermogenes

"Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: Quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Maria bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes."

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Guia Postural

Adho mukha svanasana
ADHO = PARA BAIXO
MUKHA = ROSTO
SVANASANA = CACHORRO

(cachorro com o rosto voltado para baixo)

Benefícios: Fortalece a região do pulso, alonga as mãos, os ombros, musculos das costas e a parte de trás das pernas e tornozelos. Fortalece a musculatura do corpo e desacelera a mente. Diminui dores de cabeça e hipertensão. A cabeça voltada para baixo irriga o coração, melhora a resistência física, aumenta a energia do corpo, e do cérebro e fortalece a memória.

Como fazer: Em quatro apoios, separe os pés e os joelhos na largura do quadril. Pressione as palmas para baixo, contra o chão e levante os joelhos. Caminhe para trás. Deixe as pernas bem alongadas, os pés alinhados com as mãos e tente manter os calcanhares em contato com o solo. Os braços ficam firmes, e os glúteos projetados em direção ao teto. Alongue a coluna e leve o osso do centro do peito para frente, na direção das mãos, e para baixo, expandindo todo o tórax. Não deixe os cotovelos virarem para cima.

Duração: iniciantes devem permanecer no máximo 30 segundos no asana e aumentar gradativamente até atingir um minuto.

Precauções:
Hipertensos ou portadores de dor de cabeça crônica só devem fazer com a cabeça apoiada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ahimsá, a meta ética do Yoga de Pátañjali

Por José Hermógenes

Ahimsá é colocado à frente de todos os yamas e niyamas, não só como sendo o mais importante, mas por ser o objetivo de todas as abstinências e preceitos éticos estabelecidos por Pátañjali. Todas as virtudes conduzem a ahimsá. Vejamos:

YAMAS (ABSTINÊNCIAS) CONTRIBUINDO PARA AHIMSA


Satya
A segunda abstinência, ou yama, é "abstenha-se de mentir". Satya é não somente a Verdade, mas a veracidade. Quando o yogin se abstém de iludir, de mentir, de comunicar aquilo que ele sabe que não é, está agindo em nome do amor que tem pelo outro. Quando, ao contrário, hipocritamente, explora a credulidade do interlocutor, comete uma violência, um desrespeito, está ferindo, embora de maneira sutil, alguém que precisa da Verdade. Viver, pensar, querer e dizer a verdade é ahimsá; é contribuir para o bem. Há, no entanto, certas verdades que, se forem ditas de maneira crua, chegam a ferir, a desgostar, a machucar o próximo. Há verdades que, expressas sem caridade, embora sendo verdade, valem por himsá. Quando tivermos de optar entre uma verdade que machuque e o evitar machucar, ensinam os Mestres, que se sacrifique a verdade ao amor, isto é, que se pratique ahimsá mesmo em detriimento de satya. Há um exemplo clássico para ressaltar esse preceito: se um homem em fúria assassina, um assaltante feroz, lhe perguntar onde se encontra aquele que ele procura matar e você mentir indicando-lhe uma direção falsa ou omitir o que sabe, você está sacrificando a verdade, mas está entronizando o amor. A verdade sempre deve servir ao amor. Satya deve conduzir a ahimsá.

Asteya
A terceira abstinência é "não se aproprie do que não é seu". Asteya, o não furtar (roubar), é um mandamento em proveito do amor. Qualquer furto é himsá, é violência, pois causa dano patrimonial e, indiretamente, outros danos à vítima. Não é preciso que o roubo seja de objeto material (dinheiro, jóia, utilidade...). Devemos evitar igualmente roubar idéias, prestígio... Tudo isso, que tanto se vê em nossa Humanidade infeliz, é himsá. Se não chega a ser ódio, é falta de amor, falta de caridade. Os lucros excessivos são agressões, e constituem violência. A Humanidade viveria em paz se cada um evitasse se apropriar indevidamente de qualquer valor, tirando-o, desonesta e cruelmente, dos demais. Haveria para todos o bastante para viver. Em proveito do amor (ahimsá), devemos respeitar asteya.

Brahmacharya
A quarta abstinência é em relação ao sexo. "Abstenha-se do sexo" seria sua formulação literal. Mas tal conceito de castidade carece de um esclarecimento. Não se refere a "castração" psíquica. Não implica repressão. Não significa um anátema à união sexual. Nada disso. Uma vida casta é aquela que conduz (acharya) para Deus (Brahman). Brahmacharya é o caminho para Deus. E nisso, sexo não é pecado. Pecado, erro e desvio desse caminho é o abuso, a aberração, a degradação, a poluição sexual. O sexo é tão divino como o pensar, o respirar... A atividade sexual perpetua a vida e é uma função a serviço de Deus. A energia sexual, tanto quanto a espiritual, são expressões de Shaktí (a Mãe Divina). Como sexo, com pureza e castidade, pode ser condenado como pecado? O anátema não é sobre o sexo, mas sobre a exploração e o abastardamento do que é divino. Explorar sexualmente outrem, corromper sexualmente outrem, é agressão, é violência, é falta de amor. Pátañjali nos diria: tendo ahimsá (o amor) por objetivo, não abastarde o sexo, não fira a dignidade de seu companheiro ou companheira, mas ame-o com Amor divinizante. Diria também Pátañjali: não use a Shaktí tão exagerada e obsessivamente para a atividade sexual, mas seja sóbrio, e economize a energia para a canalizar no sentido vertical da espiritualização. Em outras palavras: economize no sexo e, assim, acumule ojas shaktí, energia espiritual.

Aparigraha
A quinta abstenção é "não cobice". A cobiça produz himsá, isto é, desamor, descaridade, violência, crueldade e ódio, e se manifesta como variados crimes contra os outros. A cobiça é uma ansiedade por ter mais, conquistar mais, reter e multiplicar o que já se tem e desfruta... E tudo isso só é possível sacrificando os outros. Na concorrência - "eu devo ter mais e ganhar mais..." - o ambicioso não vê irmãos diante de si, e muito menos a Unidade Essencial; vê somente vítimas a serem exploradas, dilapidadas, empobrecidas e esmagadas... Que é isso senão himsá? Os que se abstêm de cobiçar estão concorrendo para o amor, para a caridade e para a justiça. Isso não é ahimsá?

Vimos até aqui como os yamas os abstinências contribuem para ahimsá. Agora veremos como os preceitos ou niyamas também o fazem.

NIYAMAS (PRECEITOS ÉTICOS) CONTRIBUINDO PARA AHIMSA

Shauchan
O primeiro preceito diz: "seja puro". O praticante de Yoga deve cultivar pureza em seus diversos aspectos: internos, externos, físicos e psíquicos. Parece difícil encontrar correlação entre pureza interior e ahimsá. Um interior impuro é um organismo intoxicado. Ora, uma pessoa intoxicada, digamos no caso de uma vítima de prisão de ventre e simultaneamente um comedor de carnes (alimentos rajásicos, próprios para as feras, as quais precisam ser violentas), sua predisposição é muito mais para reações bruscas, agressivas e descontroladas do que o contrário. A limpeza externa, mesmo numa pessoa de escassa beleza, lhe dá uma aparência agradável e amena. Ao contrário, caracteriza-se como falta de caridade uma aparência suja, desalinhada e fétida. Em homenagem ao amor e benevolência, cuide de sua pureza externa.

Santocha
O segundo preceito é "cultive contentamento". Uma pessoa contente é um violento a menos na sociedade. O descontente, ao contrário, é um perigo solto. O descontente, sujeito à inveja, à insegurança e à intemperança é potencialmente um agressor. Em silêncio rumina planos, em seu coração deseja algo, mesmo que seja contra alguém. Isso já é himsá. O homem contente, humilde e satisfeito, por quê vai atirar-se contra quem quer que seja, contra o que quer que seja? O contentamento o faz eqüânime e feliz. Não se sente ameaçado. Não se sente desafiado. Nem ofendido. Nem intranqüilo. É uma pessoa pacífica, paciente e contente. Isso lhe assegura conviver em paz, em ahimsá.

Tapas
O terceiro preceito é difícil de sintetizar, como os outros, em apenas uma sentença, pois o termo sânscrito tapas tem múltiplos significados. Conforme o significado que lhe atribuamos, o preceito muda, mas todos eles concorrem para reduzir a violência no mundo. Vejamos:
a) "pratique austeridades", isto é, discipline seus desejos de conforto, de mordomia, de gozo e de sensualidade, não precisando chegar às mortificações patogênicas e masoquistas;
b) "melhore a têmpera (temperamento), a endurance (resistência, flexibilidade), a condição espartana (rigoroso, austero) no corpo e na mente, tanto que o corpo venha a se tornar um instrumento domado, afinado, resistente à enfermidade, à fadiga fácil, ao ataque do tempo e das intempéries";
c) "deixe queimar as impurezas, as incrustações adversas ao caminho e os vestígios de condições impróprias à realização maior";
d) "não se deixe amolecer no conforto, na segurança, no ócio, no luxo, na luxúria...", o que equivale dizer: fortaleça sua vontade e seu caráter. Em qualquer dessas interpretações para a palavra tapas (literalmente, queimar), o preceito nos vacinará contra o rancor, o ódio, a violência e a ira, isto é, contra himsá. E não é exatamente isso que se entende por ahimsá? A evidência mostra que só os fracos e medrosos atacam. Assim, um sereno praticante de tapas, que nada teme e tem o dom de suportar tudo com eqüanimidade, um sereno praticante de tapas, que é essencialmente um forte e destemido, jamais produzirá sofrimento no mundo.

Swádhyáya
O quarto preceito recomenda: "estude-se e estude o Ser"... desde que alguém, por uma auto-análise isenta e corajosa, constatou ser uma pessoa violenta, tem a condição básica para tornar-se não-violenta. É a partir de uma autognose, ou melhor, de um diagnóstico de si mesmo, que o indivíduo pode se tratar de um traço ou outro de seu caráter, temperamento ou comportamento. Enquanto iludido, acredito que sou uma pessoa pacífica, não tendo como me curar de minha violência intrínseca e inapercebida...só aquele que começa a sentir o Ser, e consegue sentir o mesmo Ser nos seres dos outros, perde definitivamente sua possibilidade de ferir, e, ao mesmo tempo, não pode mais deixar de muito amar. Se uma autognose não revela a alguém que ele é agressivo e violento, mentiroso, desonesto, vítima de sexualidade mórbida em quantidade e qualidade, ambicioso, impuro, descontente, comodista e frágil... como a correção de tantos defeitos? Swádhyáya , como o estudo do Ser de todos os seres, é o preceito mais eficiente para trazer paz entre os homens e para implantar o amor.

Íshvara pranidhána
O quinto niyama seria expresso assim: "entregue-se total e irrestritamente a Íshvara, Deus pessoal, Aquele, sem a Graça do Qual, é impossível a realização do Yoga, ou União". Quem vive entregue a Deus não tem problemas. Não tem reivindicações a fazer. Não tem combates a travar. Já tem tudo, e é tudo. Seu estado de entregua dispensa-o de ansiedades, fobias, receios, revoltas, indignações, inseguranças, finalmente, de todos esses e outros estados aflitivos da mente, que tornam o homem explosivo, mau, e mesmo feroz, quando ameaçado ou contrariado. O devoto que se entregou está acima de qualquer ofensa ou queixa; vive em ahimsá tão natural como um regato que corre e uma flor que abre. Seu euzinho, que era reivindicante, ranzinza, ciumento, invejoso, ofendível... está gozando a quietude plena. Do exposto, podemos concluir, sem dúvida, que, se a maioria dos homens praticasse a ética do Yoga, que em nada é legalista, repressiva, obsessiva, fanática e mórbida, reinaria a Paz na Humanidade. Viveríamos gostosa e gloriosamente em ahimsá.

AOS MESTRES

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