Ganesha simboliza a sabedoria, inteligência, amor, fertilidade e prosperidade. É o primeiro a ser invocado nas cerimônias para garantir o sucesso em qualquer empreendimento. Ele destrói todos os obstáculos materiais e espirituais. Os indianos dedicam à Ganesha o dia 9 de setembro para homenageá-lo (é feriado na Índia e as festividades duram uma semana)... veja "A História de Ganesha" postado no Blog em julho/2009

“O Yoga acredita em transformar o individual antes do universal.
Qualquer mudança que nós quisermos que aconteça fora de nós, deve primeiramente acontecer dentro de nós.
Se você caminha em paz e expressa esta paz em sua vida cotidiana, outros verão você e certamente aprenderão algo.”




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

“Na tradição judaica diz-se que um bom preceito na vida é manter o coração um pouco mais suave que a cabeça; Deus se oculta da mente dos seres humanos, mas se revela ao coração.
Uma definição tão sublime da bondade: manter o coração suave”

(Gurumayi Chidvilasananda)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Oração


“ O Luz poderosa e sublime, criada antes de tudo e antes do nada, como uma chuva de bênçãos, caia sobre minhas mãos e me dê alegria, e me dê energia para cumprir o que precisa ser cumprido.
Eu me entrego a ti, com toda humildade, com toda serenidade, pois mais do que eu, tu sabes do que eu preciso.”
texto de Elizabeth Alves

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Guardador de Rebanhos


De Alberto Caieiro
(Fernando Pessoa)

Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas)
O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
“Constituição íntima das coisas”...
“Sentido íntimo do universo”...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em coisas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das coisas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensinar)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda hora.
Sou um guardador de rebanhos.
O Rebanho é os meus pensamentos e os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos e com as mãos e os pés e com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la e comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor me sinto triste de gozá-lo tanto. E me deito ao comprido na erva, e fecho os meus olhos quentes, sinto todo o meu coração deitado na realidade, sei a verdade e sou feliz.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Gentileza gera Anugraha


Texto de Pedro Kupfer
(retirado do site: www.yoga.pro.br)

O Profeta Gentileza estava em plena atividade quando eu morava em Saquarema, no final dos anos 1980 e início da década de 1990. Nascido José Datrino, este paulista de Cafelândia teve uma epifania que o levou a ajudar vítimas de um incêndio na cidade de Niterói e, depois disso, dedicou o resto da sua vida a confortar os demais com palavras e ações amorosas. Um verdadeiro exemplo de dharma em movimento.

Diz a Wikipédia sobre esta grande alma: "Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos treze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, na qual acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espirituais."

Se o Profeta Gentileza tivesse nascido na Índia, certamente seria considerado um sábio e santo, e jamais seus pais teriam pensado que ele era louco. Quando eu chegava de ônibus na rodoviária do Rio de Janeiro, via os esplendorosos murais que ele pintava ao longo do Viaduto do Cajú e me perguntava o que isso significaria, e quem teria deixado essas mensagens.

O adágio que mais se repetia naquelas inscrições, recentemente restauradas, era "Gentileza gera Gentileza. Amor". Vim saber dele muito tempo depos, quando já havia falecido. Porém, o legado dele, a importância de tratar os demais com consideração e respeito, continua.


Quando pensamos em emoções, atitudes ou virtudes, e a maneira em que elas são vividas e sentidas nas diversas culturas, reparamos que elas podem ter distintas nuanças, como as das cores usadas por diferentes pintores. De cada paleta surgem diferentes universos de cor, que são similares entre si e, no entanto, absolutamente únicos. Assim, não há uma tradução direta e exata com uma única palavra para designar esse tipo de emoção ou atitude, de cultura para cultura.

Há duas palavras para dizer gentileza em sânscrito, todas ligadas à vida de Yoga: prasada e anugraha. Prasada é o termo mais freqüente usado na língua sânscrita para denotar graça ou gentileza. Essa palavra deriva da raiz sad, que significa “estabelecer-se” ou “sentar”.

Prasada tem dois sentidos: por um lado, designa qualidades como gentileza, serenidade e bom-humor enquanto que, por outro, ainda significa calma, pureza e clareza. Se este termo está ligado sempre as manifestações mais harmoniosas da divindade, é por que a gentileza, a graça e as demais qualidades são de fato divinas.

A segunda maneira de dizer gentileza é anugraha. O Bhagavata Purana usa repetidas vezes o termo anugraha como expressão da compaixão de Ishvara por todas as criaturas. Adi Shankaracharya, ao longo de toda sua obra, igualmente menciona anugraha como a graça que possibilita a libertação, a saída do samsara, o ciclo de nascimentos e mortes.

O oposto de anugraha é nigraha, que pode ser compreendido como obstrução para a liberdade, ou ficar preso aos condicionamentos. Seja qual for a palavra que usarmos em sânscrito para dizer gentileza, essa gentileza tem duas dimensões: a divina em relação ao humano, e a da convivência entre os humanos.

A gentileza, seja como prasada, seja como anugraha, sempre aparece nos textos de Yoga ligada ao estado de graça produzido pela contemplação, o êxtase ou o arrebato devocional. Gentileza é aquilo que naturalmente surge quando a pessoa amadurece emocionalmente ou se aproxima desse estado de consciência que é moksha, a liberdade. Como todas as demais virtudes, a gentileza é um efeito colateral da maturidade emocional.

Nesse sentido, creio que a nossa sociedade poderia ser mais feliz se descobrisse o valor da gentileza. Para isso, como ensinou o Profeta Gentileza, todos nós devemos fazer a nossa parte no sentido de tornar o mundo um lugar mais agradável.

Assim, podemos pensar em nos colocar na pele dos demais e trabalhar pequenas atitudes, como ceder a passagem no trânsito, não querer sempre chegar em primeiro lugar, ajudar desinteressadamente os necessitados, deixar os outros vencerem de vez em quando, e não sermos tão duros com nós mesmos. Namaste!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O PRINCÍPIO 90 / 10


Por Stephen Covey

Que princípio é este? Os 10% da vida estão relacionados com o que se
passa com você, os outros 90% da vida estão relacionados com a forma como
você reage ao que se passa com você.
O que isto quer dizer? Realmente, nós não temos controle sobre 10%
do que nos sucede. Não podemos evitar que o carro enguice, que o avião
atrase, que o semáforo fique no vermelho. Mas, você é quem determinará os
outros 90%. Como? Com sua reação.
Exemplo: você está tomando o café da manhã com sua família. Sua
filha, ao pegar a xícara, deixa o café cair na sua camisa branca de
trabalho. Você não tem controle sobre isto. O que acontecerá em seguida será
determinado por sua reação.
Então, você se irrita. Repreende severamente sua filha e ela começa
a chorar. Você censura sua esposa por ter colocado a xícara muito na beirada
da mesa. E tem prosseguimento uma batalha verbal. Contrariado e resmungando,
você vai mudar de camisa. Quando volta, encontra sua filha chorando mais
ainda e ela acaba perdendo o ônibus para a escola. Sua esposa vai pro
trabalho, também contrariada. Você tem de levar sua filha, de carro, pra
escola. Como está atrasado, dirige em alta velocidade e é multado. Depois de
15 min. de atraso, uma discussão com o guarda de trânsito e uma multa, vocês
chegam à escola, onde sua filha entra, sem se despedir de você. Ao chegar
atrasado ao escritório, você percebe que esqueceu de sua maleta. Seu dia
começou mal e parece que ficará pior. Você fica ansioso pro dia acabar e
quando chega em casa, sua esposa e filha estão de cara fechada, em silêncio
e frias com você.
Por quê? Por causa de sua reação ao acontecido no café da manhã. Pense: por
quê seu dia foi péssimo?
A) por causa do café?
B) por causa de sua filha?
C) por causa de sua esposa?
D) por causa da multa de trânsito?
E) por sua causa?
A resposta correta é a E. Você não teve controle sobre o que aconteceu com o
café, mas o modo como você reagiu naqueles 5 min. foi o que deixou seu dia
ruim.
O café cai na sua camisa. Sua filha começa a chorar. Então, você diz
a ela, gentilmente: "está bem, querida, você só precisa ter mais cuidado".
Depois de pegar outra camisa e a pasta executiva, você volta, olha pela
janela e vê sua filha pegando o ônibus. Dá um sorriso e ela retribui, dando
adeus com a mão.
Notou a diferença? Duas situações iguais, que terminam muito
diferente. Por quê? Porque os outros 90% são determinados por sua reação.
Aqui temos um ex. de como aplicar o Princípio 90/10. Se alguém diz
algo negativo sobre você, não leve a sério, não deixe que os comentários
negativos te afetem. Reaja apropriadamente e seu dia não ficará arruinado.
Como reagir a alguém que te atrapalha no trânsito? Você fica
transtornado? Golpeia o volante? Xinga? Sua pressão sobe? O que acontece se
você perder o emprego? Por quê perder o sono e ficar tão chateado? Isto não
funcionará. Use a energia da preocupação para procurar outro trabalho. Seu
vôo está atrasado, vai atrapalhar a sua programação do dia. Por quê
manifestar frustração com o funcionário do aeroporto? Ele não pode fazer
nada. Use seu tempo para estudar, conhecer os outros passageiros.
Estressar-se só piora as coisas.
Agora que você já conhece o Princípio 90/10, utilize-o. Você se
surpreenderá com os resultados e não se arrependerá de usá-lo. Milhares de
pessoas estão sofrendo de um stress que não vale a pena, sofrimentos,
problemas e dores de cabeça.
Todos devemos conhecer e praticar o Princípio 90/10.
Pode mudar a sua vida!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

YOGA PELA PAZ!


No dia 15 de agosto de 2010 estaremos em São Paulo representando a AMYOGA e o Espaço Ganesha Shala no Yoga Pela Paz!
Juntos Com krishna Das e Jai Uttal!

Hari om!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pra finalizar: Seja você a mudança que você quer ver!

Inúmeros são os bons conselhos, mesmo daqueles que não escrevem o que pensam. Alguns disseram que não conseguiram expressar o que gostariam de dizer desta postagem. Alguns disseram que concordavam com o que os outros já tinham dito.Por isto consideravam o que tinham pra dizer como algo já dito.
Mas o fato é que apesar de parecer uma simples postagem com alguns comentários, este foi um meio para se fazer refletir.
Porque é tão difícil pensar sobre o que você pode fazer em sua vida e/ou em seu dia à dia para melhorar o seu relacionamento com as outras pessoas e com o mundo?
Porque é tão difícil se posicionar diante desta pergunta?
Acho que precisamos passar mais tempo á sós e em silêncio, apenas observando o que vem de dentro.
Precisamos nos conhecer mais, saber quais são nossos verdadeiros anseios, saber onde estamos e para onde queremos ir. Ser quem se é. Nem mais, nem menos. Lapidar em autoconhecimento, lapidar em amor e verdade, mas simplesmente SER.
Não podemos dar bons conselhos sem ao menos nos conhecermos a nós mesmos. Não podemos melhorar o nosso relacionamento com os outros e com o mundo se não estamos nos relacionando em paz com nosso próprio ser interior.
Antes de olhar pra fora é preciso olhar pra dentro.
Técnicas para se controlar, oração, meditação, paciência, amor...são ótimas ferramentas e só dependem de um ser interno com vontade de fazer a diferença, um ser que esteja disposto a avançar e encontrar o caminho para a verdadeira felicidade e bem aventurança. Alguém que queira de verdade encontrar a paz interior, a Genuína paz. Para finalizar a minha resposta, coloco-me em silêncio.
Agradeço á todos que participaram (direta e indiretamente)
Namastê!
(o Deus em mim, saúda o Deus em Você)

terça-feira, 6 de julho de 2010

SEJA VOCÊ A MUDANÇA QUE VOCÊ QUER VER NO MUNDO!



O que você pode fazer em sua vida e/ou em seu dia à dia para melhorar o seu relacionamento com as outras pessoas e com o mundo?
Faça o seu comentário dê sua opinião...
vamos construir um texto juntos!
vamos interagir!

Namastê!
Andreza

segunda-feira, 28 de junho de 2010

ZEN NO TRÂNSITO


Por Patrícia Ribeiro

Todos os dias a cena se repete. É só ligar o rádio depois das 5 horas em uma grande metrópole e as notícias são sempre as mesmas: engarrafamentos sem fim em quase todos os cantos da cidade. Se você é uma daquelas pessoas que depende do carro para trabalhar e, infelizmente, não pôde aderir à bike como meio de transporte por problemas estruturais ou de distância, deve passar boa parte do tempo preso dentro do carro, refém de um trânsito caótico e de motoristas que parecem ter esquecido todas as normas da boa educação. Haja Yoga para se manter sereno a tantas fechadas, buzinadas e congestionamentos.

Se tem consciência de que terá de enfrentar tudo isso, em vez de bufar, gritar ou ter pensamentos negativos do tipo “não vai dar tempo de chegar” ou “isso sempre acontece comigo”, por que não tentar algumas mudanças de atitude e perceber que é possível, sim, manter-se sereno no trânsito? Conversamos com professores de Yoga e com a mestre em zen budismo, monja Coen, que nos deram sábios conselhos e dicas para administrar o estresse atrás do volante.

Glauco Tavares, professor de Yoga e proprietário do Yoga Shivalaya, em São Paulo, conta uma história que aconteceu com ele: “Estava pensando na pergunta ‘por que praticar Yoga’ e com isso em mente entrei no carro e saí em direção à minha casa. Após uns cinco minutos deparei com um táxi fazendo uma conversão proibida e o motorista falando ao celular. Logo, quase colidi com o táxi. Minha reação naquele momento foi tirar o carro da lateral do taxista, atravessado na pista, e buzinar forte. Dois mil metros à frente, parei o carro em um semáforo e fui surpreendido com um soco no cotovelo por um homem, agora em pé, ao lado do meu carro, aos berros. Enquanto eu tentava argumentar para saber quem era aquele senhor, levei um ‘belo’ soco na boca sentado no banco do carro. Juro que fiquei sem reação, na verdade eu não acreditava. Então, aos gritos, aquele senhor disse que era o taxista. Mas me surpreendi com os próximos instantes: uma calma tão grande se fez presente, que a única coisa que eu dizia era para ele voltar para o seu carro, pois estava completamente fora de si. Aquela situação durou cerca de um minuto, mas mantive uma calma que não esperava. Voltei a dirigir mantendo a mesma serenidade, como se não houvesse ocorrido nada, minha respiração sob controle, um sentimento tão grande de compaixão por aquele homem, que estava visivelmente transtornado. Alguns segundos e uma voz silenciosa se manifestou: ‘Está aí sua resposta, é para isso que você pratica Yoga’. Confesso que a resposta poderia vir sem aquele soco na boca”, conta.

Yoga na prática

Essa história ilustra o que devemos ter em mente: não adianta apenas praticar na sala de aula, suar no mat, fazer pranayamas e meditar todos os dias se não levamos a prática para o nosso cotidiano. Também não adianta ouvir CDs de relaxamento, entoar mantras ou meditar com japamala depois de levarmos uma fechada ou quando todos os motoristas estiverem buzinando ao mesmo tempo. O ideal é cultivar uma mudança de pensamento antes de uma situação tensa. Marcos Rojo, coordenador do curso de pós-graduação de Yoga da UniFMU, diz: “Para os menos devocionais, ficar ouvindo repetidamente cantos ou mantras num momento de estresse poderá deixá-los ainda mais nervosos. Temos de ser sinceros. Não adianta ser hipócrita e ficar dizendo a si mesmo o tempo todo: ‘Eu sou um praticante de Yoga e por isso não vou ficar nervoso com este estúpido que me deu uma fechada’. Nessa altura, provavelmente você já ficou nervoso e está apenas se enganando. É preciso reagir antes que um estado não saudável se instale na mente. Ouvir CDs de aulas de grandes mestres sobre temas como o Bhagavad Gita ou Upanishads poderão distraí-lo, fazendo com que não se sinta perdendo tempo, caso você goste do assunto. Repetir um mantra também vai depender do envolvimento de cada um com a técnica. Embora não seja um bom momento para a meditação, é importante criar uma condição passiva, já que para os que moram em cidades grandes, o trânsito não é sua escolha, é fato”, conclui.

Mudança de atitude

Para aqueles momentos em que o trânsito não anda, fazer alguns exercícios respiratórios poderá deixá-lo mais calmo. Há métodos simples que qualquer um pode fazer, praticante de Yoga ou não.

Marcos Rojo enfatiza que o pranayama é uma preparação para a meditação e que os antigos yogis possivelmente achariam bizarro uma técnica tão sofisticada para um objetivo tão comum, e compara: “Seria quase o mesmo que convidar a Orquestra Filarmônica de Berlim para tocar Mamãe eu quero. Sendo assim, vamos considerar o controle do ritmo respiratório como estratégia para a diminuição do estado de ansiedade. Respirar lenta e profundamente pelas narinas, com a expiração pelo dobro do tempo da inspiração, contraindo um pouco a glote e emitindo um som muito suave (ujjayi pranayama) por pelo menos dez repetições, já será muito proveitoso para nos acalmar”, afirma.

De tanto ouvir as pessoas se queixando sobre o estresse no trânsito, a professora Nicole Witek, do instituto que leva seu nome em São Paulo, produziu um CD com técnicas de relaxamento para fazer durante engarrafamentos, no trabalho e em casa. “Aconselho acolher os sentimentos de frustração, raiva e aplicar os métodos de Yoga: buscar uma emoção positiva, focar a atenção na região do coração e continuar respirando calma e tranquilamente para que o sangue possa trocar sua química relativa ao estado de estresse (adrenalina, cortisol, açúcar) para uma química de bem-estar. É como se fosse uma minimeditação. Manter essa emoção positiva por alguns minutos reverte a produção de secreções no corpo que danificam a saúde e leva a um estado de tranquilidade”, explica.

Monja Coen ensina: “Verifique que não estamos sozinhos e que não é alguma coisa pessoal, contra nós especialmente. Alinhe a coluna vertebral e a cervical. Sinta seus pés, suas mãos, todo o seu corpo. Perceba o processo mental da impaciência, raiva, agonia, tristeza, alegria — porque muitas vezes ficamos alegres por algum engarrafamento que dificulta um encontro desagradável que fomos obrigados a marcar. Engarrafamento não é apenas horrível. Pode ser bom. Pode se fazer amigos, principalmente consigo mesmo. Esteja presente no que está sentindo e observe que tudo é passageiro. Se você estiver aflito, seja gentil com você. Não fale palavrões, não faça gestos rudes e ásperos, não queira estar em outro local. Não insulte a si mesmo. Não insulte a cidade, os carros, as pessoas, o trânsito. Pense em soluções melhores. Faça sugestões e as envie ao Departamento de Trânsito. Atue para transformar. Seja a transformação que quer no mundo. E lembre-se: se for pegar um bom engarrafamento, é melhor levar alguns alimentos no carro, água, sucos, livros, revistas, CDs. E não se esqueça de ir ao banheiro antes de sair. E, quando vir alguém muito bravo, cortando, xingando, buzinando, pense que essa pessoa nunca fez Yoga, nunca meditou, desconhece o Zen e o autocontrole e, quem sabe, esteja muito mesmo querendo ir ao banheiro. Dê passagem e o abençoe para que atinja seus objetivos com êxito, sucesso e em tempo hábil. Querer, pensar e fazer o bem faz muito bem”.

Algumas sugestões para fazer no carro:

- Lentamente leve o queixo para baixo, depois gire a cabeça para os dois lados como se a orelha fosse tocar os ombros.
- Inspire e expire fazendo movimentos circulatórios com os ombros para a frente várias vezes e depois para trás.
- Busque um bom posicionamento no banco do carro, ajeitando bem os ísquios para manter a coluna ereta.
- Traga os dedos dos pés na direção da tíbia e depois leve-os à frente esticando bem o peito do pé. Faça movimentos giratórios com os pés, ora no sentido horário, ora no sentido anti-horário.
- Pequenas massagens que podemos fazer nos ombros e pescoço, apertando e soltando, para melhorar a circulação local, também ajudam.

Publicado originalmente na PYJ nº 26

sexta-feira, 4 de junho de 2010

UMA VIAGEM DE SI PARA SI MESMO


Ás vezes podemos ter a sensação de que a vida insiste em nos fazer recomeçar e que estamos fazendo alguma coisa errada, que não estamos saindo do lugar ou estamos voltando sempre ao ponto de partida. As chances disto ser verdade são imensas e no momento em que assumimos a possibilidade real do erro, precisamos parar, respirar, meditar e tentar encontrar um caminho diferente.
Refletir sobre si mesmo, sobre suas escolhas, suas histórias, suas atitudes e pensamentos já é um bom começo, mas talvez a solução seja o que propõe o nosso querido Professor Hermógenes em seu tão conhecido mantra:
“Entregar, confiar, aceitar e agradecer”
Entregar, soltar, deixar fluir...
Á vezes só precisamos mesmo é viver o momento presente, arriscar mais, “soltar a alça” e permanecer confiante de que no fim, tudo vai dar certo...
Outra possibilidade que pode nos ajudar bastante é a faxina. Limpeza geral!
Ás vezes começar limpando o que está do lado de “fora” pode nos ajudar a limpar e a organizar o que está do lado de dentro. Por isto, é sempre bom esvaziar algumas gavetas, armários, caixas....jogar fora o que já não serve mais e organizar aquilo que ainda pode ser reaproveitado de alguma maneira.
A faxina interna é mais difícil, porque não se pode “esvaziar” o coração e “jogar fora” os sentimentos (embora algumas pessoas consigam fazer isto com mais naturalidade do que outras). Para que a faxina interna ocorra verdadeiramente, temos que mudar os sentimentos, as sensações, algumas lembranças e principalmente a auto-imagem. A gente precisa se “reinventar”. Este processo não é fácil. Muitas vezes a gente prefere ficar sentado esperando a dor passar até que alguém acenda uma luz e nos mostre que precisamos continuar, precisamos organizar a bagunça interna.
Talvez tenha sido esta a grande dificuldade de Arjuna quando se nega a entrar no campo de batalha no Baghavad Gita. Arjuna não queria lutar contra todos os sentimentos com os quais já havia se acostumado (Sentimentos representados na obra pelos seus familiares). Arjuna preferia morrer do que passar pela dor da batalha, de ter que matar seus próprios parentes... Preferia literalmente entregar os pontos, cair em depressão. Então Krishna acende a luz e diz:
“levanta e luta!”...
E então, começamos a reagir, começamos a lutar e neste mesmo instante novos horizontes se abrem e a agente passa a enxergar melhor as coisas não vistas antes, enxergar com novos olhos, com um novo coração. A gente percebe que depois da faxina sobra mais espaço para recomeçar sem o peso de antes, sem repetir as mesmas histórias.
A gente passa a reconhecer o “velho” de um novo jeito e o “novo” de coração realmente aberto.
E diante das inúmeras possibilidades que a vida nos oferece sejam elas positivas ou negativas, mesmo que a gente erre ou acerte, mesmo que a gente retorne ao ponto de partida, a vida é outra, o tempo é outro e sempre é possível recomeçar e reaprender a viver de um jeito diferente em cada recomeço.

Hari om!
Por Andreza Plais
(Contribuição: Paulo Alves)

terça-feira, 1 de junho de 2010

MUDE


Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você
passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço
alguns dias.
Tire uma tarde inteira pra passear livremente na
praia, ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma do outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV, compre outros
jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia,
o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo
jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida, compre pão em outra
padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos óculos, escrevas outras
poesias.
Jogue fora os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros
teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um novo emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais
prazeroso,
mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas.
Mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o
dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!

Texto de Edson Marques

ALÇAS DA MENTE


Por Rosana Hermann

O pensamento pode voar, mas a mente gosta mesmo é de uma prisão.
A mente gosta de prender-se voluntariamente a tudo o que não muda,
ao que permanece, ao que se repete e ao que é sempre igual.
Por isso, a mente adora lembranças e memórias.
Porque o passado já passou e não pode ser mais mudado.
O passado é permanente. A mente acha isso o máximo.
É como administrar uma empresa onde nada pode dar errado.

O medo da mente é justamente este, administrar imprevistos.
Outra coisa que a mente ama de paixão é o padrão, porque como o nome
já diz, o padrão não muda.
Um metro, uma hora, o mesmo caminho para o trabalho, voltar ao mesmo restaurante e sentar à mesma mesa, são padrões que toda mente humana gosta de repetir.

Ah, que prazer que a mente sente quando a bunda senta na mesma cadeira
que sentou na aula anterior!
A repetição dá segurança, porque cria a falsa ilusão de que nada vai mudar.
E se nada mudar, nada de ruim poderá acontecer.
Tudo será igual, com o mesmo final feliz, como antes.
Crianças adoram ver filmes mil vezes porque se sentem seguras, porque
podem antecipar as próximas cenas (se na vida fosse assim...) e porque
têm certeza de como a história terminará.

Já as mentes adultas, especialmente as obsessivas em qualquer grau,
adoram a matemática.
A matemática é a única ciência exata e imutável.
Enquanto a física e química, a biologia, por exemplo, estão sujeitas a variáveis
da vida real, a matemática continua igual.
Daí o fato de que toda mente obsessiva gosta de contar, manipular números.
As contas são sempre exatas, não mudam.

E se você contar todos os passos e chegar direitinho à padaria com seus
mil passos, então, podemos concluir que sua mãe não vai morrer e nada
vai dar errado no seu dia.
Certo? Errado.
Errado porque a mente vive num mundo irreal.

Mundo da mente é como caspa, só existe na sua cabeça.
Tudo é mera ilusão. E, com perdão do excesso de realidade fisiológica,
o mundo está cagando e andando pras suas ilusões mentais.
Como o mundo já provou, uma batida de asas de borboleta na África pode influenciar mais a ocorrência de um tsunami na Ásia do que sua contagem
de azulejos no banheiro.
Porque a borboleta é real e seu pensamento, não.

O problema é que a mente não quer nem saber disso e provavelmente
muitos já terão abandonado este texto nas primeiras linhas.

Espertos, porque sabem que vou contar um segredo sobre eles:
a mente fabrica alças.
Sim, alças, onde ela, a mente, possa se apegar.
Uma alça, como aquele putaqueopariu do carro, onde a gente segura
a vida quando o motorista não é de confiança.
Como o santoantonio dos jipes.
A alça pode ser um nome, um amuleto, uma mania, uma repetição qualquer.
A mente é chata, mas criativa, e assim, inventou a alça-sem-mala.
Nesta alça ela se apega até a morte.

É uma crença, um dogma, uma frase feita, um chavão, um lugar-comum:
"Angélica (do Hulk) ficou mais bonita depois que teve filho"; "Vaso ruim não
quebra"...

Qualquer alça é boa pra mente: "A cadeia é a universidade do crime", "Direituzumanu só tem bandidu"...

Se a mente se acha fraca, ela inventa uma alça para se sentir forte, tipo:
"Sou feia, mas tô na moda".

A mente inventa que se a pessoa perder dez quilos vai ser feliz e tudo vai
dar certo na vida. Troca nomenclaturas, pra se sentir por cima.
Porque uma coisa é dizer que você tem TOC e outra coisa é assumir que
você é um obsessivo chato, que ninguém agüenta conviver a seu lado e
por isso você precisa de tratamento sério com remédio e tudo mais.

A mente inventa alças pra não cair em si.
Mas cair em si é a única forma de tomar consciência - primeiro passo
para melhorar.
Portanto, remova todas as alças. Caia. Caia em si.
Tá gordo? Tá gordo, então, vamos emagrecer.
Tá infeliz? Sai dessa, viva a vida, aproveite.
Tá duro? 'Bora ganhar dinheiro'.

Só não fique aí, com essa cara de passageiro do circular da eternidade,
vendo a vida passar na fresta da janelinha de um ônibus cheio,
segurando firme na alça do medo, pois você tem que dar o sinal e descer
para a liberdade do imprevisível.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

FLOR DE LÓTUS – JÓIA RARA


Pureza, expansão espiritual, iluminação. Estes são os principais significados da flor de lótus, que nasce no lodo e consegue, graças a um mecanismo biológico especial, crescer, subir à superfície e permanecer limpa e bela.
Para muitos, o lótus é uma analogia ao caminho que o homem tem que enfrentar para purificar-se: vencer dificuldades e desafios para alcançar a pureza espiritual. Venerada por vários povos orientais, é um dos mais importantes símbolos do budismo e do hinduísmo.
A planta, que também é conhecida como lótus-egípcio, lótus-sagrado e lótus-da-índia, é da família das ninfáceas (mesma família da vitória-régia), nativa do sudeste da Ásia (Japão, Filipinas e Índia).
No Egito antigo, existiam as espécies, branca, azul e rosa. Para esta civilização, a planta também tinha um significado especial, pois ao nascer, ela se volta para o sol, como se estivesse homenageando-o e, ao anoitecer, se fecha e submerge na água. Para os egípcios, é um símbolo de renascimento.
Na Índia, a imagem da flor está relacionada à criação do universo. Reparem nas gravuras indianas, os deuses costumam aparecer sentados ou em pé sobre a flor, como é o caso de algumas representações de Ganesha, Lakshmi e Shiva.





Conta-se que quando Brahma, o criador, brota do ventre de Vishnu, e cria (ou recria) o mundo em um instante, ele está sobre uma flor de lótus, que é sua matriz ou berço. A explicação é que a flor seria a própria imagem da existência, o primeiro símbolo. A pureza da criação.


PADMASANA E O LÓTUS

Padma em sânscrito é lótus, representa a pureza e o pleno desenvolvimento da consciência. Padmasana, a postura do Lótus, é considerado um eficiente âsana para a meditação. Segundo Yesudian: “Tanto como o lótus, em sua pureza de neve, imaculado, intocado, flutua sobre as águas do pântano, da mesma forma, sem ser atingido pelos desejos carnais, o espírito puro do Yoguin plana além das tentações dos instintos físicos inferiores. Esta postura é comparável ao equilíbrio total e ao isolamento da Flor de Lótus.
Padma é também um dos nomes de Lakshmi que é a Shakti de Vishnu.


O MANTRA:
OM MANI PADME HUM
OM – A JÓIA NO LÓTUS – HUM

Tradução: “A jóia da consciência está no coração do lótus”
Avaloketeshwara é considerado um ser espiritual que alcançou um nível espiritual muito elevado. Quando estava neste estágio de espiritualidade, prestes a deixar a humanidade e entrar em outro nível do ser, ele ouviu um forte gemido atrás de si. Virando-se, viu o inconsciente coletivo da humanidade começando a lamentar a perda de sua presença. Tomado de compaixão, ele decidiu adiar esta etapa final da iluminação. Essa decisão tornou-se o juramento Bodhisattva, o juramento de servir a todas as formas de vida. A disciplina espiritual que faz uso deste célebre mantra é empregada para promover a idéia de desenvolvimento espiritual associado ao ato de servir á vida.
Este é considerado o Mantra para promover a compaixão amorosa em nosso ser.

Andreza Plais

PAUSAS

Os Domingos Precisam de Feriados...

Toda Sexta-feira à noite começa o Shabat para a tradição judaica.
Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação.
Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.

A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa.
Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.
Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.
Hoje , o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão
e alienação.

Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações para não nos ocuparmos.
A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições.
Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...
Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme.

As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim. Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais
rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa.
O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.
As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o Domingo de um feriado...
Nossos namorados querem 'ficar', trocando o 'ser' pelo 'estar'. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante.
Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...
Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair
literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida.

A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é: o que vamos fazer hoje? Já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente.
É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria - o
sonho de fazer do tempo uma mercadoria.
Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares.
A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois.
A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas.

Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou?
Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

Rabino Nilton Bonder

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Tem certas coisas que não podem ser ajudadas, tem que acontecer de dentro para fora" Isto é Dhyana, isto é meditar!

GUIA POSTURAL




ADHO MUKHA SVANASANA – Postura do cachorro olhando para baixo

COMO FAZER: Apóie as mãos, joelhos e pés no chão, espalme bem os dedos das mãos; Distribua o peso por todos os dedos das mãos sobretudo indicador e polegar; Na inspiração empurre o chão para a frente e eleve os joelhos do solo esticando as pernas e erguendo o quadril em direção ao teto; Mantenha o abdômen contraído, enfatizando o fechamento das costelas;
Transfira o centro de gravidade para trás; A perna pode estar flexionada caso você ainda esteja conquistando o alongamento da parte de trás das pernas.

BENEFICIOS:
Melhora a artrite dos ombros; elimina rigidez das omoplatas; reforça tornozelos e modela as pernas; reforça os músculos abdominais e promove um alongamento do corpo. Ativa a circulação sanguínea e combate a depressão, melhora a respiração e acalma a mente. Remove a fadiga e revigora a energia do corpo.
Rejuvenesce as células do cérebro, exerce a ação sedativa no organismo; regulariza o ritmo cardíaco, alivia insônia e dor de cabeça. Pode ser realizada por pessoas com pressão alta.

Tempo é (muito mais que) dinheiro




Texto de Tales Nunes

Acostumamos a perguntar aos outros “oi, tudo bem?”, mais por conveniência do que realmente por interesse. Mas se nos atentarmos às repostas que obtemos com esta pergunta notaremos que a frase mais comum de se escutar é: “ na correria”, “cheio de coisa”, “na luta”. Essas frases têm um pano de fundo em comum. Por mais que a resposta indique que a pessoa está bem, indica também que ela está sem tempo, que está fazendo muita coisa, que está correndo atrás de coisas, resolvendo problemas.

Parece que estamos sempre em débito em relação a quantidade de tempo que temos disponível. Por mais que a nossa conta bancária esteja positiva, em troca, a nossa conta de tempo parece ser sempre negativa. De segunda a sexta-feira, são os dias úteis. Sábado e domingo, que deveriam ser dedicados a contemplação, ao lazer, mas cada vez menos o são, são dias inúteis? O lazer, a contemplação, o tempo com a família são inúteis? Quem colocou isso na nossa cabeça?

Hoje em dia somos educados e estimulados a sermos bons profissionais, a ganharmos dinheiro, a consumirmos, a pouparmos, a garantirmos uma segurança material, a competirmos. Porém, não somos ensinados a usar o nosso tempo para sermos bons pais, bons filhos, bons cidadãos. Todos nós já temos internamente um sentimento de inadequação e de insegurança e a tendência de nos compararmos com outras pessoas. Quando crianças, somos totalmente dependentes dos outros. Olhamos para nós mesmos e nos sentimos incapazes, pois nos comparamos com os adultos. Então olhamos para os nossos pais e depositamos a nossa confiança neles, na nossa cabeça eles são infalíveis. E à medida que o tempo passa, vemos que os nossos pais são falíveis e limitados, como nós. E com isso, perdemos a capacidade de confiar nas pessoas e até em nós mesmos.

Então depositamos a nossa confiança em super heróis, em astros de rock ou em um deus sentado em algum lugar, enquanto esse sentimento de inadequação e de insegurança nos acompanha quando adultos. Esses fatores psicológicos, individuais, aliados ao estímulo a competição e a nossa exposição constante ao paradoxo: consumo x poupança, impulsiona-nos a dedicar os nossos esforços quase que automáticos em trabalhos, com o objetivo de adquirir coisas e de mantê-las. Nós somos bombardeados por propagandas que nos estimulam a comprar, comprar, comprar para sermos felizes e, por outro lado, outras que dizem que devemos poupar, poupar, poupar para termos segurança futura.

Vivemos em meio a conflito de auto-imagem, ansiedades e medos que nos fazem correr, correr, correr. E nesse correr, nessa falta de tempo, não conseguimos apreciar a nossa família, os filhos, pais, irmãos. Temos cada vez mais dificuldade em apreciar a infância dos filhos, a velhice dos pais, o companheirismo dos irmãos, a companhia dos amigos. A nossa ansiedade com o futuro, insegurança financeira, medo de perder o que se adquiriu e o desejo de adquirir mais, faz com que apliquemos o nosso tempo de maneira muito pouco econômica e equivocada. E essa falta de discernimento nos separa de coisas extremamente importantes, como a família, amizades, o autoconhecimento, o engajamento social. Não nego aqui a correria como uma busca real por subsistência, especialmente em nosso país com tantas desigualdades sociais. Porém grande parte do mundo vive na correria, apesar de ter as suas necessidades básicas supridas.

O fato é que não vemos o tempo como um bem, vemos apenas o dinheiro como um bem. Se refletirmos, porém, veremos que o tempo está acima de todos os outros bens, uma vez que quando ele acaba, o resto não importa. E não se compra tempo. Seneca alertou aos romanos:

"Admiro-me quando vejo alguns pedindo tempo e aqueles a quem se pede serem complacentes; ambos consideram que o tempo pedido não é tempo mesmo: parece que nada é pedido e nada é dado. Joga-se com a coisa mais preciosa de todas, porém ela lhes escapa sem que percebam, já que é incorporal e algo que não está sob os olhos, por isso é considerada desprezível e nenhum valor lhe é dado. Os homens recebem pensões e aluguéis com prazer e concentram nessas coisas suas preocupações, esforços e cuidados. Ninguém valoriza o tempo, faz-se uso dele muito largamente como se fosse fortuito. Porém, quando doentes, se estão próximos da morte, jogam-se aos pés dos médicos. Ou, se temem a pena capital, estão preparados para gastar todos os seus bens para viver, tamanha é a confusão de seus sentimentos”. (Seneca)


Deveríamos ver o tempo como o maior de todos os bens. Assim, escolheríamos melhor com quem, com o que e onde iríamos gastar o nosso tempo. Gastar todo o tempo em busca de dinheiro pensando que vai nos trazer segurança é burrice, pois dificilmente nos sentiremos totalmente seguros. Essencialmente a insegurança está em nós e a idéia de segurança é relativa. Eu posso me sentir seguro tendo um carro e um apartamento, o meu vizinho talvez se sinta inseguro com dez apartamentos e uma conta bancária farta. De acordo com a revista britânica GEO de março de 2009, pesquisadores britânicos observaram por anos um grupo selecionado de 7.812 alemães e constataram que no primeiro ano após um aumento significativo de renda, houve um aumento na satisfação das pessoas. No segundo ano a mesma coisa. A partir do terceiro e quarto ano nenhuma satisfação a mais foi percebida. O Ved€nta já fala isso, mas as vezes precisamos de pesquisas para comprovar: a nossa felicidade não pode ser adquirida através das satisfações dos nossos desejos, porque assim que um desejo é saciado, outro surge, é sem fim. Foi justamente o que a pesquisa mostrou – guardadas as limitações de pesquisas desse porte, sugiro que constate esse fato na vida: com riqueza crescente, crescem também as exigências materiais das pessoas. É como uma bóia na maré alta.

Além disso, não temos como prever o amanhã. Mas igualmente não podemos negligenciar o futuro. Então, nos nossos cálculos diários, deveríamos colocar não apenas o dinheiro como um bem precioso, mas também o tempo. Talvez o maior presente que se possa dar a uma pessoa hoje em dia seja o tempo, mais do que qualquer outra coisa que o dinheiro possa trazer. Tempo junto, tempo de conversa, de presença. Apenas dando tempo a nós mesmos, dedicando-nos ao autoconhecimento, e também às pessoas ao nosso redor, especialmente às nossas crianças, talvez estejamos contribuindo de maneira muito mais eficaz para um futuro mais “seguro” para nós e para o planeta. Aproveite o tempo com as pessoas que estão ao seu lado, fazendo de cada momento algo precioso.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A NECESSIDADE DE SER FELIZ


TEXTO DE TALES NUNES

Todos nós possuímos desejos. Os desejos não surgem em nós misteriosamente, eles são cultivados. Primeiro surge um pensamento que é desenvolvido, alimentado e, como consequência, torna-se um desejo. Nós cultivamos desejos assim como cultivamos nossas plantas. Regamo-os e adubamos a terra para que eles ganhem força. Porém, quando necessitamos podá-los, não sabemos qual ferramenta usar, pois a plantinha virou uma árvore frondosa. E acabamos confundindo desejos com necessidades.

Desejos são cultivados, necessidades independem da nossa vontade ou da nossa contribuição consciente para existirem. A fome, por exemplo, não é um desejo, é uma necessidade. Todos nós sabemos disso. Poucos de nós reconhecemos, porém, que a felicidade é igualmente uma necessidade. E felicidade não é o oposto da tristeza, o oposto da tristeza, digo, é a alegria. Felicidade é plenitude. Todos nós temos uma necessidade interna de sermos felizes. Uma necessidade de sermos livres da limitação. Nós temos uma conclusão íntima de que somos limitados e queremos nos livrar dessa conclusão.

Se você tem um desejo, que é cultivado, você tem opção de realizá-lo ou não. E você pode não ter os meios de satisfazê-lo. Um montanhista precisa ter pernas e braços para escalar. Uma telefonista precisa escutar para executar o seu trabalho. Porém, se você possui um desejo que é natural, que não é cultivado, ele está fora do seu controle e, naturalmente, você possui os meios de realizá-lo. Assim é a ordem do Universo, se existe uma necessidade, há os meios de suprir essa necessidade. Você tem fome e a natureza lhe fornece os meios de supri-la; você precisa respirar e a natureza lhe provê o ar necessário; você sente sede, há água para saciá-la.

Sabemos o quão é difícil abrir mão de desejos quando estes estão estabelecidos. Das necessidades, por sua vez, não temos nenhuma liberdade para decidir que não vamos supri-las. Nós não podemos abrir mão de querermos ser pessoas, plenas, livres. Todos nós, por diferentes meios, buscamos a completude e a liberdade. Então, só temos uma opção: realizar essa necessidade. Pois, certamente a natureza nos proveu de todos os meios de realizarmos essa necessidade.

Podemos perguntar, então: de onde vem essa necessidade básica? Vem da nossa verdadeira natureza, que é de completude. Em diversos momentos das nossas vidas nós experimentamos a felicidade. E com essa lembrança interna seguimos em busca de uma experiência mais duradoura, achando que a encontraremos fora de nós. Não conseguimos reconhecer que o objeto exterior apenas fez com que relaxássemos e revelou a nossa real natureza.

Não reconhecendo essa felicidade dentro de nós, buscamos meios para realizar essa necessidade que não são eficientes. De tal maneira que podemos observar que nós continuamos buscando, buscando, buscando e parece que nunca alcançaremos a tão esperada felicidade. Isso acontece porque a felicidade não pode ser adquirida, ela já faz parte de nós. Todas as experiências que achamos que vão nos trazer completude, quando atingidas sentimo-nos realizados, porém a mente logo sente-se entediada e sai em busca de outra coisa. Observe esse processo acontecer e reconheça-o. Essa observação é fundamental no caminho do autoconhecimento.

Ao reconhecermos essa busca que parece não cessar, o que devemos fazer, abandonar a busca que é movida pela necessidade? Se é uma necessidade, não temos como abandonar, pois é natural. Mas ao mesmo tempo não conseguimos satisfazê-la. Então chegamos a um impasse. Não tenho como abandonar a necessidade de ser completo e não conheço os meios para satisfazê-la.

Analisando isso, nos sentimos desprotegidos, desamparados como uma criança. Temos uma profunda carência, mas fomos educados a não reconhecê-la e muito menos a pedir ajuda para resolvê-la. Então mascaramos esse sentimento com um ar de autoconfiança perante a maior parte das pessoas e o extravasamos em momentos de intimidade, nos relacionamentos mais próximos. E assim seguimos projetando a nossa completude em objetos, em realizações e nas pessoas que quebram a nossa armadura e conseguem se aproximar do ser carente que somos.

Qual a saída então? Adquirir coisas não é a solução. O que desejamos não é uma coisa. Felicidade é uma coisa? Felicidade, plenitude e liberdade não são coisas, não podem ser adquiridas por nós, pois já somos liberdade e felicidade. A felicidade está exatamente onde está o que nos aprisiona. Onde está o aprisionamento, na nossa testa? A testa não se sente pequena. Ela não tem complexo. Ela simplesmente é, assim como os animais. Animais não têm conflito com auto-imagem.

“Eu não sou bom o suficiente, eu sou limitado, sou infeliz” é uma conclusão que existe na idéia que nós temos de nós mesmos. Está na nossa mente. O que nos aprisiona e nos faz infelizes é a nossa própria mente. A liberdade não está fora de onde está o que nos aprisiona. Quantas pessoas na história da humanidade descobriram a liberdade e a felicidade dentro de uma cadeia! Portanto, a liberdade e a felicidade não estão fora, no amanhã, no céu, no pós-morte.

Descobrir é o que nós precisamos, já está tudo aqui, já possuímos tudo, não iremos produzir nada de novo dentro de nós. Para descobrir não é necessário fazer força, transformar, mudar, agir. Qualquer verbo que use para expressar o que é necessário não é totalmente adequado, porque não é uma ação que vai nos levar à felicidade. Talvez os verbos mais adequados a se usar sejam “relaxar” ou “entregar”. Mas relaxar não é uma ação, é uma atitude.


O que é necessário é uma mudança cognitiva, uma mudança na maneira como nos enxergamos e como enxergamos o mundo. Primeiro, é preciso reconhecer que nós não somos separados do Todo e que o mundo não é um ambiente hostil do qual precisamos nos defender. Tudo está dentro de uma Ordem perfeita e nós fazemos parte dessa Ordem. Segundo, é importante fazermos o que for o nosso dever para mudarmos em nós e no mundo o que for possível mudar, para contribuir com o Todo. Terceiro, é fundamental, para mantermos a nossa mente tranquila, abrirmos mão do controle e relaxarmos quanto ao resultado das nossas ações, pois o que recebemos como resultados delas é um grande mistério e faz parte de uma Ordem sobre a qual não temos controle.


Por fim, percebemos que a vida é um fluxo constante de transformações. Relaxados, conseguimos assistir a esse grande espetáculo com serenidade e contemplação, sem perdermos o nosso estado natural, que é de paz e felicidade. Para isso, precisamos abrir mão de uma auto-imagem estática, de nós e do mundo, construída desde muito tempo, e seguir o fluxo de transformação constante da vida. E como um rio que passa, passamos pela vida, com placidez e beleza, sem a necessidade de querermos sugar dos outros e das coisas a nossa felicidade, mas reconhecendo-a em nós mesmos. Quando reconhecemos a felicidade em nós mesmos, reconhecemo-a em todas as situações, até mesmo nos momentos de tristeza ou solidão. Então não somos mais aqueles que constantemente querem tirar do mundo, tornamo-nos aqueles que acrescentam ao mundo. Aqueles que ajudam os outros a suprir as suas necessidades, inclusive a de descobrir a felicidade.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mensagem

“A vida nos oferece uma porção de prazeres, dor, aborrecimentos, felicidade...
Mas você deve entender uma coisa: é temporário.
A vida muda.”

Yogi Bhajan

quinta-feira, 18 de março de 2010


PENSAR É TRANSGREDIR

Por Lya Luft

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

*******Fiquei muito Feliz quando li este texto e visualizei alguns conceitos ligados ao universo do yoga ...entre eles o conceito de samskaras e samsara...se não pararmos para rever nossos pensamentos e atitudes frente a vida estaremos sempre girando a mesma roda e voltanto sempre para o mesmo lugar e para padrões antigos de comportamentos... e este é o momento de evoluir!
Namaskar!**********
Deza

quarta-feira, 17 de março de 2010

HORA DO PLANETA

Em 27 de março, das 20h30 às 21h30, o mundo inteiro vai apagar as luzes e protestar contra o aquecimento global.


A Hora do Planeta 2009 teve meio bilhão de participantes em 88 países.
Monumentos e locais simbólicos, como a Torre Eiffel, o Coliseu e a Times Square, além do Cristo Redentor e outros ficarão uma hora no escuro.


Com a sua ajuda, este ano vamos chegar a 1 bilhão de participantes. Será uma demonstração grandiosa de que a população do planeta exige o combate aos efeitos das mudanças climáticas.

Acesse: www.horadoplaneta.org.br

sexta-feira, 5 de março de 2010

PARA TOCAR A ALMA E O CORAÇÃO



TRADUÇÃO:

"Você é minha mãe, você é meu pai, é minha família e meu amigo. É meu conhecimento e minha riqueza. Você é tudo, a luz das luzes é você"

terça-feira, 2 de março de 2010

I - Inteligencia Espiritual - por Dana Zohar

No livro QS - Inteligência Espiritual, lançado no ano passado, a fí­sica e filósofa americana Dana Zohar aborda um tema tão novo quanto polêmico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, torna-as mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida. Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas só há pouco divulgadas de cientistas de várias partes do mundo que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de Deus" no cérebro, uma área que seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas. O assunto é tão atual que foi abordado em recentes reportagens de capa pelas revistas americanas Neewsweek e Fortune. Afirma Dana: "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual". Aos 57 anos, Dana vive em Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian Marshall, co-autor do livro, e com dois filhos adolescentes. Formada em fí­sica pela Universidade de Harvard, com pós-graduação no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), ela atualmente leciona na universidade inglesa de Oxford. É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para português. QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo o português (no Brasil, pela Record). Dana tem sido procurada por grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho. Ela falou à EXAME em Porto Alegre durante o 300 Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da International Federation of Training and Development Organization (IFTDO), organização fundada na Suécia, em 1971, que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o mundo. Eis os principais trechos da entrevista: O que é inteligência espiritual?
É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações. De que modo essas pesquisas confirmam suas idéias sobre a terceira inteligência?
Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experência espiritual. Tudo que influência a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência espiritual. Qual a diferença entre QE e QS?
É o poder transformador. A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação. Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso. A espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade.
No iní­cio do século 20, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. A ciência começa o novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios. Dana Zohar identificou dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas pessoas:
1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.2. São levadas por valores. São idealistas.3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.4. São holísticas.5. Celebram a diversidade.6. Têm independência.7. Perguntam sempre "por quê?"8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo.9. Têm espontaneidade.10. Têm compaixão.
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Fontes: http://elisabethlicata.bloguez.com/ElisabethLicata/613163/INTELIG-NCIA-ESPIRITUAL-Dana-Zohar

II - Os doze princípios da inteligência espiritual por Danah Zohar

Os 12 princípios da inteligência espiritual por Danah Zohar“Ecologia interior” não é para místicos e esotéricos. Os palestrantes da primeira mesa do II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, que está sendo realizado em São Paulo, concordam que é preciso avançar nas questões sociais antes de se pensar em resolver os conflitos envolvendo meio ambiente. Respeito a diversidade, apego à arte e as coisas belas e postura individual voltada pela paz: esse foi o tom das falas, mas um eu voltado à conexão com o universo.Viagem? Muito inspiradora, na fala da física e filósofa americana Danah Zohar. Formada pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology, dá aulas sobre liderança em Oxford, na Inglaterra, e escreve livros sobre física quântica – alguns já publicados no Brasil (clique aqui para vê-los). Deu uma “aula” estimulante não sobre ecologia, mas sobre inteligência espiritual – tão necessária para que a as ações pelo meio ambiente encontrem eco em toda a sociedade.“Inteligência espiritual tem a ver com o que eu sou, com os meus valores”, lembra a pensadora, que avisa: precisamos alimentar essa inteligência para motivar a cooperação – entre a família, a comunidade, os países. Só assim vamos encontrar soluções positivas para o planeta, e nos encontrar nessa busca também.Acompanhe o que Danah expôs sobre os princípios da inteligência espiritual – e motive-se!1.Tenha pensamentos positivos, sempre. Não pense como vítima das circusntâncias, pense que sofrer é uma oportunidade de ser forte. “A crise econômica atual” é uma oportunidade de pensar nossos valores”, lembra Danah.2. Descubra quem você é. O que me faz levantar de manhã? Para que eu vivo, por o que daria minha vida? O que me motiva para fazer coisas todos os dias? Quem eu sou realmente? Comprar, trabalhar, sair com os amigos faz parte de nosso universo, mas o “ser” é mais do que isso. Quando eu digo “minha vida é minha oração”, significa saber que minha vida é um ´presente de Deus e que precisamos fazer a diferença nesse planeta.3. Tenha humildade. Precisamos saber que o que fazemos parte de um sistema, e que precisamos prestar atenção nos outros, lembrando que existem diversos pontos-de-vista – não o seu, unicamente.4. Viva a compaixão. A origem dessa palavra significa “sentir com”. Sentir a dor do outro como se fosse a sua dor. “Eu não somente cuido dos pobres, eu sou pobre. “O planeta é parte de mim – nascemos quando o Big Bang surgiu”. Lembre-se sempre: eu sinto que sou você, e que você sou eu.5. Reveja seus valores. Precisamos pensar menos em “eu, mim” e mais em “nós, nossos”. E precisamos rever nossos valores para servir uns aos outros. Compo fazer isso? “Pergunte a você mesmo, qual é o melhor que você pode dar”.avisa a filósofa.6. Viva o presente. Tire o peso do passado e das preocupações – e.viva o agora!7. Estamos conectados, e o jeito que vivo minha vida afeta a vida do outro. “Se me sinto negativo, espalho essa negatividade para minhas relações, minha comunidade. Mas se me sinto esperançosa e que posso fazer melhor, espalho essa atitude para as outras pessoas”.8. Responda a uma questão fundamental: sempre perguntar porquê! Nós nos fechamos a verdade se não questionamos.9. Mude a sua mente, seus paradigmas, e coloque seus pontos-de-vista sob uma nova perspectiva. Isso é muito necessário no meio empresarial, destacou Danah. “Precisamos de uma revolução do pensamento também nas lideranças e na educação”. Educação significa memorização, imposição? Ou é ajudar as crianças a fazerem boas perguntas? “A mídia também precisa rever o seu papel e ajudar as pessoas a formarem consciência crítica.10. Valorize seus princípios, mesmo que sejam impopulares. Entretanto, não seja arrogante de que está certo, mas questione-se. Escute os outros, mas veja o que você quer acreditar, para o que você quer lutar.11. Celebre a diversidade. Isso não significa numa empresa, por exemplo, colocar uma mulher ou negro num cargo alto, mas construir um pensamento do que significa a diferença para você, e o que ela tem a te ensinar. Dizer “obrigada por ser diferente, por me fazer questionar a mim mesmo”.12. Descubra a sua vocação, o seu propósito de vida e em como você pode fazer a a diferença. “Você não precisa ser o Gandhi ou o Barack Obama. Cozinhar um bolo pra sua família, um pai que vai brincar com seu filho, dando o seu melhor, é uma maneira de servir a humanidade com o melhor que temos”.Para terminar, um recado aos educomunicadores e educadores em geral: “eu chamo a todos para a revolução não-violenta, onde as novas tecnologias podem mudar o mundo, sim, e que é preciso acreditar que você pode fazer a diferença”.

fonte: http://belezasustentavel.wordpress.com/

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

GUIA POSTURAL

NATARAJASANA – postura de Shiva bailarino
COMO FAZER:

A partir de tadasana, de pé com as pernas esticadas e os pés apoiados no chão;
Leve o pé direito para trás e segure-o com a mão direita, puxe o pé o mais alto que você conseguir permanecendo com a perna esquerda esticada. O Braço esquerdo pode ficar paralelo ao solo ou esticado para cima. Permaneça respirando com consciência e concentração.

BENEFICIOS:


Trabalha concentração e equilíbrio, flexibilidade e distensão da musculatura da perna e virilha, atua também no grande reto abdominal. Nos aspectos psicológicos, evoca as qualidades de Shiva relacionadas a paciência e desapego

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mais que uma oração


Não quero que a desesperança se aconchegue em meu peito como se fizesse parte de mim.
Quero sim, e quero agora mesmo, sorrir de qualquer jeito e acreditar no amor que habita em mim.
Que a falta que sinto não se transforme na ausência assimilada de Drummond e que minha fé seja tão intensa quanto a do guardador de rebanhos de Alberto Caieiro.
Não quero que as ervas daninhas envolvam meu corpo e limitem meu olhar.
Que meu corpo não perca o equilíbrio e o movimento preciso em todas as direções;
Que ele saiba ir e vir,
E na volta, que seja aprendida a lição.
Que minha mente se concentre no momento presente e desta forma seja possível viver um dia de cada vez.
Que minha alma permita cultivar a paz interior e saiba transmití-la aos que precisarem de mim.
Que a paciência seja minha principal virtude e que eu tenha a certeza em meu coração de que a espera não será constante e nem será em vão.


Andreza Plais

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

MAHASHIVARATRI

Todos os meses, a noite anterior ao dia da Lua Nova é chamada Shivarátri, a noite de Shiva. Uma vez ao ano, no mês de fevereiro/Março, há um dia e uma noite inteiros dedicados a Shiva, chamados Mahashivarátri.
Esse dia é de orações, rituais e ascetismo, sendo também utilizado para a iniciação de Sannyasis, ou renunciantes, e para reafirmar propósitos de busca espiritual. No dia de Mahashivarátri são observados o silêncio e o jejum, além de outras práticas religiosas. Durante o dia são realizados rituais e à noite há um Árathi ritual simples com fogo, cânticos e distribuição de Prasada, alimento oferecido (consagrado) e depois distribuído entre os participantes.
Nos templos, o Mantra OM Namah Shivaya ('OM, Saudações a Shiva') é repetido numa corrente contínua até a meia-noite.
Se acredita que qualquer um que profere o nome de Shiva durante Shivratri com devoção pura é libertado de todos seus pecados. E assim, alcançando a morada de Shiva e liberado do ciclo de nascimento e morte.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A relação entre Yoga e Meio Ambiente


Texto de Tales Nunes

O Yoga é muito mais do que uma prática corporal, é um estilo de vida. E como um estilo de vida, abarca não apenas o âmbito individual, mas o coletivo. Um indivíduo que tenha um comprometimento com uma vida de Yoga tem influência nas pessoas ao seu redor e no ambiente em que está inserido. Vejamos então como a prática de Yoga está vinculada a uma atitude ecologicamente ética e a uma aproximação da natureza.
O Yoga propõe uma conduta ética que é balizada por valores que chamamos de yamas. Entre estes, estão a não-violência e o desapego. Existem outros valores yogis, mas a incorporação de apenas esses dois no nosso dia-a-dia é em si uma postura revolucionária, de transformação ambiental coletiva.
Compreender o que é desapego e incorporar esse valor nos mostra que podemos levar uma vida muito mais simples do que levamos. Ajuda-nos a ver os bens materiais de maneira mais objetiva, colocando o valor de uso acima do fetiche. E isso faz com que tenhamos a lucidez para consumirmos menos, o que significa poupar a natureza e poluir menos. Por sua vez, viver a não-violência é fundamental para que preservemos e tentemos evitar causar dano a qualquer tipo de manifestação de vida.
E como ferramenta de transformação, o Yoga nos oferece, também, uma ampla gama de práticas corporais. A partir da consciência do nosso corpo, da nossa respiração, do espaço que ocupamos no mundo, o Yoga ajuda a nos conectar com os ritmos e as forças da natureza. Além disso, por meio da meditação e do questionamento, o Yoga nos coloca numa postura de reflexão sobre qual é o nosso papel individual e social na vida. São muitos os relatos de praticantes de Yoga que mudaram completamente o seu estilo de vida, simplificando-o.
São freqüentes os casos de pessoas que pararam de comer carne, outras que largaram seus trabalhos, pois descobriram que estes não faziam mais sentido em suas vidas (muitas vezes por serem trabalhos eticamente questionáveis) ou mesmo que saíram da cidade e foram morar junto à natureza. Há diversas histórias também de yogis que permaneceram nas cidades, mas engajaram-se em trabalhos sociais ou ambientais.
Em Curitiba, temos um grupo de yogis engajados na campanha a favor do uso da bicicleta e do movimento "Jardinagem Libertária", em prol de uma ocupação mais humana dos espaços públicos urbanos. Estas são pessoas que fazem a diferença e não esperam pelo poder público para realizar as mudanças que o nosso planeta pede hoje. A transformação que precisamos realizar é muito mais urgente do que a aparelhagem estatal consegue efetivar. E é justamente nesse ponto que entra o Yoga, tocando as pessoas e mobilizando-as a mudar, a fazer diferente, a fazer mais consciente.
Hoje a causa ambiental está em cena. Empresas que poluem, exploram e degradam o meio ambiente apresentam uma imagem de responsabilidade social e ambiental. Outras tantas usam esse filão para vender mais dos seus produtos. O que é um paradoxo, pois quanto mais consumimos, mais degradamos. Ou seja, está na moda ser "ecológico" e nós sabemos exatamente o que fazer, coletivamente e individualmente, para minimizar os danos que estamos causando no nosso planeta. Porém, parece haver um fosso enorme entre a teoria e a prática. Esquecemos que as grandes transformações são feitas a partir de pequenos atos cotidianos. E assim seguimos querendo mudar o mundo, com o discurso mudado, totalmente consciente, porém sem querer abrir mão de muitos dos nossos confortos.
Vejo o Yoga, nesse sentido, como um educador, um disciplinador. Um disciplinador do nosso corpo, ensinando-nos a nos alimentarmos melhor e a consumirmos alimentos de boa procedência (que agridam o mínimo o meio ambiente e que sejam saudáveis ao nosso corpo). Um disciplinador da nossa mente, refreando os nossos desejos, ensinando-nos que consumir não nos faz mais felizes, como nos insiste em inculcar as propagandas. Acredito, portanto, que o Yoga pode promover a ponte entre a teoria e a prática, justamente pela disciplina física, mental e emocional que promove.
Uma das razões do nosso planeta estar na situação de degradação atual é o nosso antropocentrismo, a nossa idéia equivocada de que podemos controlar a natureza. Achamos ser uma espécie superior às demais e olhamos a natureza como "recurso", que está aí para nos servir e ser usado por nós para suprir os nossos desejos que, vale ressaltar, não são necessidades, são luxos. E por causa disso, os espaços naturais foram reduzidos. E antes o que nos englobava, florestas, vegetação natural, foi por nós englobado, cercado, demarcado, restringido.
A nossa ciência entende e manipula aspectos isolados da natureza. O todo, a compreensão global, o encadeamento de causas e conseqüências mais distantes e a longo prazo, nos é, na maior parte dos casos, desconhecida, ou no máximo especulada. Compreendendo isso, Goethe disse: "A natureza reservou para si tanta liberdade que não estamos em condições de competir com ela em toda a sua extensão ou de acossá-la com o nosso saber e nossa ciência".
A filosofia yogi traz consigo essa consciência. Que é a consciência de unidade entre todas as manifestações de vida, entre nós e a natureza. E, a partir disso, não comer carne não nasce de uma atitude de ativismo ambiental - apesar de hoje haver argumentos de preservação ambiental suficientes para pararmos de comer carne -, mas de uma atitude de reverência a todas as manifestações de vida, de respeito à natureza.
E mesmo sendo vegetarianos, estamos às avessas com o que escolhemos para nos alimentar. Quando moramos em cidades e não produzimos o nosso próprio alimento, perdemos a consciência sobre a cadeia alimentar. Os alimentos chegam a nossas mãos praticamente prontos. Assim, perdemos também a consciência sobre todo o processo de produção do alimento. É isso que faz com que a criancinha que vive na cidade se sinta maravilhada ao descobrir que o ovo vem da galinha. Ou que faz com que ela ignore que a carne que ela come vem do mesmo bichinho que ela vê nos desenhos animados da televisão. Esses são exemplos grotescos, mas o fato é que hoje é difícil monitorar a forma como é produzido o que comemos. Especialmente no nosso país, onde não podemos confiar nos órgãos públicos reguladores que deveriam garantir a qualidade do que é produzido. Cabe a nós buscar, vegetarianos ou não, pesquisar e procurar consumir alimentos frescos, de preferência não industrializados e de pequenos produtores locais, para podermos saber a origem do que nós consumimos.
Consumo consciente não se restringe aos alimentos, inclui muita atenção diária e reflexão sobre o que realmente necessitamos, o que é superficial e o que é necessário. Precisamos ter claro o valor que os objetos realmente têm para nós. Como indivíduos, cidadãos e yogis temos esse comprometimento com a coletividade e com o meio ambiente. E se agirmos (consumirmos) conscientes e pensando não só em nós, mas no todo, já estamos fazendo muito. Consumir consciente é uma grande força de reivindicação que nós temos e o Yoga pode ser uma importante ferramenta que nos mantém alertas, despertos, com o pensamento voltado para nós e para o Todo.
Tales Nunes ministra cursos de Formação em Yoga, é mestre em Antropologia e edita os Cadernos de Yoga.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O QUE DEUS ME DITA


Olho para o céu,
peço que alguém me escute,
Faço uma prece,´
È Inútil
A voz que preciso escutar não vem do alto, vem de dentro;
Faço uma oração
Olho para o céu,
vejo apenas estrelas;
Peço novamente que alguém me escute
É em vão,
Então fecho meus olhos e vejo pontos luminosos na imensidão;
Serão estrelas dentro de mim?
Agora sei que posso pedir e serei ouvida;
Profundo silêncio,
apenas o som do ar entrando.
O céu está dentro de mim.
Aquele que me escuta também;
Meu corpo se aquece,
É noite, mas posso sentir o sol
Fico a meditar,
Respiro,
Ainda não sei se sou fogo ou se sou ar.




Andreza Plais






segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Asteya: cultivando a honestidade

Texto de Camila Reitz divulgado no site http://eyoga.uol.com.br

O assunto deste texto é asteya, o terceiro dos Yamas (princípios éticos do Yoga), estes princípio traz a observância para não roubar. Parece muito simples e temos quase a certeza de que esse princípio seguimos sem dificuldades, pois não roubar é ser honesto. E veja o que Patañjali escreve no Yoga Sutra sobre este principio:“Quando a honestidade estabiliza-se firmemente [no yogi], todas as jóias [riquezas] fluem em sua direção.”Honestidade é um dos princípios básicos do Yoga e quando se pratica este principio muitas riquezas surgem para nós. Assim como os outros princípios, este abrange vários aspectos da vida do yogi. É muito fácil perceber que não pegamos nada de ninguém a força, com um ladrão faz. Mas será que não estamos pegando pertences de outros sem nem mesmo perceber? E se pensarmos em políticos que roubam dinheiro de pessoas que morrem em hospitais públicos, isso é revoltante. Será que levamos realmente a sério a questão não roubar, ou simplesmente fingimos saber que não roubamos. Na adolescência quem já não pagou uma conta errada? Quem hoje mesmo não copia um cd de música ou faz cópia de um livro? Quem realmente dá crédito daquilo que ensina para seus professores? Quem já não “roubou” um dinheirinho da carteira da mãe (minha mãe falava que não era pecado! E eu e os meus irmãos acabávamos nem pegando mesmo, pois era permitido pegar, quando necessário). Quem já não usou fotos, poesias, músicas, idéias, nome, autoridade, ideais de outras pessoas? Aqui não estou julgando, mas trazendo um questionamento. Lembre-se que quando eu aponto um dedo para julgar a outra pessoa, três dedos ficam apontados para mim.O fato é acabamos roubando sim, e roubamos sem querer, roubamos principalmente tempo e energia de outras pessoas...
E por falar em atraso. Você chega no horário em seus compromissos? Chegar atrasado é roubar o tempo da outra pessoa, que deixou de fazer outras coisas para chegar na hora e encontrar você.Observe você. Em seu currículo de Yoga, estão os nomes de todos os professores que lhe ensinaram? Com a experiência de ministrar curso de formação e cursos de aperfeiçoamento em Yoga, já vi muitos alunos se esbaldando em aprender e de ensinar o que aprendeu comigo e no final colocando no seu currículo apenas nomes “mais importantes” que o meu. Acredito que seja sem perceber. E é esse o ponto importante que trago neste texto, percebemos como roubo algo muito distante de nós. Afinal não é fácil abrir mão daquele cd pirata, de copiar um livro ou de pegar uma idéia brilhante de alguém. Por fim, acabamos arrumando desculpas para satisfazer nossos desejos. Para realmente conseguir seguir asteya é importante que tenhamos um sentimento de suficiente.Um passo muito importante para conquistar este princípio de asteya é a observância, constante e diária, e é imprescindível que você se olhe de frente. Por isso, aqui sugiro um exercício durante um mês. Coloco um mês, pois de acordo com meu amigo David Lurey um hábito só se torna um hábito quando é repetido durante um mês, diariamente. Repita estas perguntas diariamente:
• Tenho feito proveito somente do que é meu?
• Estou utilizando algo de alguém sem permissão?
• Sou honesto com os ensinamentos que recebi dos meus professores?
• Minhas idéias são realmente minhas?
• Respeito a energia e o tempo das outras pessoas?
• Como posso melhorar?
A tarefa não é fácil, pois fazendo esses questionamentos teremos que deixar velhos hábitos para trás.

AOS MESTRES

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