Ganesha simboliza a sabedoria, inteligência, amor, fertilidade e prosperidade. É o primeiro a ser invocado nas cerimônias para garantir o sucesso em qualquer empreendimento. Ele destrói todos os obstáculos materiais e espirituais. Os indianos dedicam à Ganesha o dia 9 de setembro para homenageá-lo (é feriado na Índia e as festividades duram uma semana)... veja "A História de Ganesha" postado no Blog em julho/2009

“O Yoga acredita em transformar o individual antes do universal.
Qualquer mudança que nós quisermos que aconteça fora de nós, deve primeiramente acontecer dentro de nós.
Se você caminha em paz e expressa esta paz em sua vida cotidiana, outros verão você e certamente aprenderão algo.”




quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

FELIZ OLHAR NOVO


"O grande barato da vida é olhar para trás e sentir orgulho da sua história.
O grande lance é viver cada momento como se a receita da felicidade fosse o AQUI e o AGORA.
Claro que a vida prega peças. É lógico que, por vezes, o pneu fura, chove demais...
... Mas, pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia?
Tem sentido ficar chateado durante o dia todo por causa de uma discussão na ida pro trabalho? Quero viver bem.
O ano que passou foi um ano cheio.
Foi cheio de coisas boas e realizações, mas também cheio de problemas e desilusões. Normal.
Às vezes se espera demais das pessoas. Normal.
A grana que não veio, o amigo que decepcionou. Normal.
O próximo ano não vai ser diferente.
Muda o século, o milênio muda, mas o homem é cheio de imperfeições, a natureza tem sua personalidade que nem sempre é a que a gente deseja, mas e aí?
Fazer o quê? Acabar com seu dia? Com seu bom humor? Com sua esperança?
O que eu desejo para nós é sabedoria!
E que saibamos transformar tudo em uma boa experiência!
Que consigamos perdoar o desconhecido, o mal educado. Ele passou na sua vida. Não pode ser responsável por um dia ruim...
Entender a pessoa que não merece nossa melhor parte. Se o amigo decepcionou, passe-o para a categoria três, a dos colegas.
Ou mude de classe, transforme-o em conhecido. Além do mais, a gente, provavelmente, também já decepcionou alguém.
O nosso desejo não se realizou? Beleza, não tava na hora, não deveria ser a melhor coisa pra esse momento (me lembro sempre de um lance que eu adoro: CUIDADO COM SEUS DESEJOS, ELES PODEM SE TORNAR REALIDADE).
Chorar de dor, de solidão, de tristeza faz parte do ser humano. Não adianta lutar contra isso. Mas se a gente se entende e
permite olhar o outro e o mundo com generosidade, as coisas ficam diferentes.
Desejo para nós esse olhar especial.
O próximo ano pode ser um ano especial, muito legal, se entendermos nossas fragilidades e egoísmos e dermos a volta nisso.
Somos fracos, mas podemos melhorar. Somos egoístas, mas podemos entender o outro.
O próximo ano pode ser o máximo, maravilhoso, lindo, espetacular... ou...
Pode ser puro orgulho!
Depende de mim, de você!
Pode ser.
E que seja!!!
Feliz olhar novo!!!
Que a virada do ano não seja somente uma data, mas um momento para repensarmos tudo o que fizemos e que desejamos,
afinal sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles!"

Autor desconhecido

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Terça feira, 06/12, depois de um dia inteiro de apresentações sobre sustentabilidade e responsabilidade social (às 17:10) saio correndo do evento (correndo mesmo) para pegar o carro no estacionamento. Demorei aproximadamente 10 minutos para chegar ao carro porque simplesmente esqueci onde ele estava.
Presa no engarrafamento da avenida contorno (ás 17:45) precisando chegar no Ganesha Shala para dar aula ás 18:30, era praticamente impossível atravessar a cidade em menos de 1 hora.
De repente, a ansiedade começou a me dominar e minha cabeça ficou cheia de pensamentos. Pensei em me mudar para uma cidade onde eu pudesse me locomover de bicicleta. Pensei também coisas absurdas como comprar um helicóptero, ter o poder de teletransportar ou abandonar o carro no meio da rua e terminar o trajeto á pé. Claro que nada disso seria possível. Então resolvi fazer a única coisa que eu podia fazer: “Entregar, aceitar, confiar e agradecer”. Pedi ao senhor Ganesha que retirasse do meu caminho os obstáculos que estavam me impedindo de chegar na hora certa. Obviamente que o engarrafamento na contorno não poderia desaparecer de uma hora para outra, foi então que decidi entrar em outra avenida e tudo deu certo. O Novo trajeto estava liberado, nenhum engarrafamento, quase todos os semáforos verdes.
Cheguei no Ganesha Shala ás 18:25.
Durante o Yoganidra dos alunos eu me senti em paz por poder estar ali, partilhando da verdade do yoga, em Íshvara pranidhána, vivenciando santosha, e reconhecendo aquilo que realmente me faz feliz.

Andreza Plais

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

TUDO EM UM


O mel é uma solução rica em açúcares, com vitaminas, minerais, compostos fenólicos, enzimas e elementos minerais essenciais ao homem, especialmente selênio, manganês, zinco e outros.


Segundo a dra. Ana Claudia Mariano, nutricionista e doutora em Bioquímica pela UFRJ, “O consumo de mel é recomendado não só porque fornece energia e outros nutrientes, mas também por ser antimicrobiano, antioxidante, curativo, calmante e regenerativo de tecidos”.


A médica ressalta o uso do mel na medicina: “Em pacientes com gastroenterite bacteriana, a diarreia diminui quando usamos o mel para reposição de glicose na reidratação. Além disso, o mel pode prevenir doenças como câncer, aterosclerose, doenças cardiovasculares e mal de Alzheimer”.


Ela alerta que crianças menores de 1 ano não devem consumir mel, pois ele pode conter a bactéria Clostridium botulinum, que causa o botulismo.


O terapeuta ayurvédico Krishna Kishora, de São Paulo, indica que se faça o uso do mel diariamente para evitar a formação de muco. Ele destaca que, ao contrário do que pensamos, o mel é melhor quando já açucarou: “É melhor que o mel fique uns meses em repouso, pois o mel fresco deixa a mente muito agitada”.


Segundo a farmacêutica bioquímica e cosmiatra Maristela Gava Caim, os ácidos acético e cítrico do mel são adstringentes; limpam pro fundamente os poros, renovando o PH da pele e ocasionando uma descamação bem discreta.


Maristela lembra que o peeling, na verdade, é um processo de queimadura química, logo, o emprego de produtos à base de mel no processo pós-peeling é muito benéfico para evitar manchas.


O mel pode ser amplamente utilizado em produtos antiacne, ajudando a reduzir o processo inflamatório, além de proporcionar limpeza, hidratação e nutrição.


Maristela explica ainda que por suas propriedades suavizantes, o mel pode ser utilizado em massagens corporais, drenagem linfática, esfoliações corporais e banhos de relaxamento. Já nos cabelos, por hidratar e nutrir o folículo, o mel pode auxiliar na redução da queda de fios causada por estresse. Para isso, deve ser aplicado sob a forma de loções capilares.


Creme para olheiras e manchas de pele
1 colher (sobremesa) de mel
2 morangos inteiros
1/2 maçã
1 colher (sopa) de abacate
1/2 xícara (café) de chá de camomila frio bem forte (3 saquinhos por xícara de chá)
Amasse ou bata tudo e aplique na face limpa. Deixe agir por 20 minutos e enxágue em água corrente.

Por Cacau Peres

domingo, 28 de agosto de 2011

Transformando o ambiente interno e o ambiente externo


A natureza tem dado respostas furiosas aos constantes abusos sofridos. Não basta reduzir estes abusos, é preciso antes de tudo que o homem cuide de seu ambiente interno melhorando seus padrões de pensamento, respostas emocionais e consciência porque o ambiente externo é reflexo do que se passa dentro do homem. Através do Yoga podemos ter o controle de nossa mente e emoções e preservar a paz e o equilíbrio interior. A mente e as emoções se tornam refinadas e sutis. Nossos comportamentos e pensamentos se modificam, se expandem, passamos a perceber que somos parte do todo e que merecemos amor e respeito. Percebemos nosso dever e responsabilidade de cuidar do nosso ambiente externo e do nosso ambiente interno que é o nosso complexo corpo-mente.
O que comemos e o modo como nos alimentamos influência bastante o nosso corpo e nossa mente. Por isto, devemos evitar alimentos rajasicos que excitam a mente e as emoções e preferir alimentos satwicos que são puros e proporcionam vitalidade, vigor e boa saúde. Os alimentos que a natureza nos oferece são puros porque são livres de tensões e nos proporcionam bem estar. A carne é um alimento rajasico e para o seu consumo são retiradas vidas de inocentes por isto deve ser evitada.
Quando nos alimentamos prestando atenção ao que comemos, relaxados e com gratidão, quando entoamos mantras antes de comer, estamos purificando a nós mesmos, ao alimento e ao ambiente em volta.
Os animais têm muito a nos ensinar porque eles obedecem ao ritmo da natureza e respeitam suas próprias necessidades.
Asanas são posturas do yoga que ajudam a manter a harmonia no ambiente interno. Foram desenvolvidas por Rishis e Yogis da antiguidade que viviam pacificamente na selva. Através da observação dos animais e dos seus comportamentos foram criadas posições de yoga que influenciavam diretamente as várias glândulas do corpo.
Temos uma relação muito próxima com o reino animal e nosso corpo carrega vestígios dos samskaras provenientes da vida instintiva pelas quais evoluiu. A forma como tratamos o nosso ambiente interno e externo vai mais cedo ou mais tarde refletir em nossa própria vida, nesta ou em outra manifestação.
O objetivo final do Yoga é o Samadhi, mas para se alcançar este estado bem como os que o antecede é fundamental que o homem siga os dois primeiros passos dos oito que formam o Yoga de Patanjali que são os Yamas e os Niyamas. Este não é um caminho fácil porque para segui-lo é preciso disciplina e transformação interna; Por este motivo muitos praticantes concentram sua pratica nos Asanas e nos Pranayamas. No entanto, se Patanjali começou pelos Yamas e Niyamas, significa que são justamente os que devem ser praticados antes de evoluirmos para os passos seguintes.
Para alcançarmos padrões da mente mais elevados, superando nosso egoísmo e ignorância, entendendo e harmonizando nosso ambiente interno de modo a transmitir isto para o ambiente externo, precisamos primeiramente vivenciar os Yamas e Niyamas incorporando-os em nosso dia a dia. Deste modo, a mente se torna mais clara e mais aberta e teremos uma base sólida para vivermos uma vida saudável e integral.

Baseado no texto da revista YOGA E ECOLOGIA de Swami Satyananda

segunda-feira, 23 de maio de 2011

SAI BABA fala sobre 2012


Este é o ensinamento de Meishu-Sama:
"Acordem e vejam ao seu redor o que está acontecendo..."
É importante ler até o final e notar como a humanidade está crescendo espiritualmente!

* NOVA DÉLHI (Reuters) - O guru espiritual indiano Sri Sathya Sai Baba, reverenciado por milhões de seguidores como um deus, morreu no domingo, 24/04/2011, aos 86 anos num hospital no sul da Índia.



SAI BABA fala sobre 2012

Ouviu falar de 2012 como um ano em que algo ocorrerá?
Bom, por um lado existem várias profecias que indicam esta data como um momento importante da história da humanidade, mas a mais significativa é o término do calendário Maya, cuja profecia foi interpretada de várias formas.

Os mais negativos pensam que nesse ano o mundo termina, mas isto não é real, pois sabemos que neste ano começa a Era de Aquário.


Na verdade este planeta está sempre mudando a sua vibração, e estas mudanças intensificaram-se desde 1998, levando a um período de 20 anos de alterações dos pólos magnéticos que não ocorriam há milhares de anos. Quando ocorre uma mudança do magnetismo da terra, surge também uma mudança consciencial, assim como uma adaptação física à nova vibração. Estas alterações não acontecem apenas no nosso planeta, mas em todo o universo, como a ciência atual tem comprovado.

Informe-se sobre as mudanças das tempestades solares (que são tempestades magnéticas) e perceberá que os cientistas estão a par destes assuntos. Ou pergunte a um piloto aviador sobre o deslocamento dos pólos magnéticos, já que todos os aeroportos foram obrigados a modificar os seus instrumentos nos últimos anos.
Esta alteração magnética se manifesta como um aumento da luz, um aumento da vibração planetária.

Para entender mais facilmente esta questão, é preciso saber que a vibração planetária é afetada e intensificada pela consciência de todos os seres humanos. Cada pensamento, cada emoção, cada ser que desperta para a consciência de Deus, eleva a vibração do planeta.Isto pode parecer um paradoxo, uma vez que vemos muito ódio e miséria ao nosso redor, mas é assim mesmo.

Venho dizendo em mensagens anteriores que cada um escolhe onde colocar a sua atenção. Só vê a escuridão aqueles que estão focados no drama, na dor, e na injustiça. Aquele que não consegue ver o avanço espiritual da humanidade, não tem colocado a sua atenção nesse aspecto.

Porém se liberar sua mente do negativo, abrirá um espaço onde sua essência divina pode manifestar-se, e isto certamente trará o foco para o que ocorre de fato neste momento com o planeta e a humanidade.
“Estamos elevando a nossa consciência como jamais o fizemos”.

Como assim? Não percebe a escuridão?
Vejo-a sim, mas não me identifico com ela, não a temo. Como posso temer a escuridão se vejo a luz tão claramente? Claro que entendo aqueles que a temem, porque também fiquei parado nesse lugar onde apenas via o mal.

E por esta razão sinto amor por tudo isso.

A escuridão não é uma força que obriga a viver com mais ruindade ou com mais ódio. Não é uma força que se opõe à luz. É ausência da luz. Não é possível invadir a luz com a escuridão, porque não é assim que o principio da luz funciona. O medo, o drama, a injustiça, o ódio, a infelicidade, só existem em estados de penumbra, porque não podemos ver o contexto total da nossa vida. A única forma de ver a partir da luz é por meio da fé. Assim que aumentamos a nossa freqüência vibracional (estado de consciência), podemos olhar para a escuridão e entender plenamente o que vivemos.

Mas como pode afirmar tudo isso, se no mundo existe cada vez mais maldade?
Não há mais maldade, o que há é mais luz, e é sobre isso que falo agora.
Imagine que você tem um quarto, ou uma despensa, onde guarda suas coisas, iluminado por uma lâmpada de 40W. Se trocar para uma lâmpada de 100W, verá muita desordem e um tipo de sujeira que você nem imaginava que tinha naquele local. A sociedade está mais iluminada. Isto é o que está acontecendo. E isto faz com que muitas pessoas que lêem estas afirmações as considerem loucura.

Percebeu que hoje em dia as mentiras e ilusões são percebidas cada vez mais rapidamente? Bom, também está mais rápido alcançar o entendimento de Deus e compreender a forma como a vida se organiza. Esta nova vibração do planeta tem tornado as pessoas nervosas, depressivas e doentes. Isto porque, para poder receber mais luz, as pessoas precisam mudar física e mentalmente. Devem organizar seus quartos de despejo, porque sua consciência cada dia receberá mais luz. E por mais que desejem evitar, precisarão arregaçar as mangas e começar a limpeza, ou terão que viver no meio da sujeira.

Esta mudança provoca dores físicas nos ossos, que os médicos não conseguem resolver, já que não provem de uma doença que possa ser diagnosticada. Dirão que é causado pelo estresse. Porém isto não é real. São apenas emoções negativas acumuladas, medos e angústias, todo o pó e sujeira de anos que agora precisa ser limpo.
Algumas noites as pessoas acordarão e não conseguirão dormir por algum tempo. Não se preocupem. Leiam um livro, meditem. Não imaginem que algo errado ocorre. Você apenas está assimilando a nova vibração planetária. No dia seguinte seu sono ficará normal, e não sentirá falta de dormir.

Se não entender este processo, pode ser que as dores se tornem mais intensas e você acabe com um diagnóstico de fibromialgia, um nome que a medicina deu para o tipo de dores que não tem causa visível. Para isto não existe tratamento específico – apenas antidepressivos, que farão com que você perca a oportunidade de mudar sua vida.

Uma vez mais, cada um de nós precisa escolher que tipo de realidade deseja experimentar, porém sabendo que desta vez os dramas serão sentidos com mais intensidade, assim como o amor. Quando aumentamos a intensidade da luz, também aumentamos a intensidade da escuridão, o que explica o aumento de violência irracional nos últimos anos.

Estamos vivendo a melhor época da humanidade desde todos os tempos. Seremos testemunhas e agentes da maior transformação de consciência jamais imaginada.

Informe-se, desperte sua vontade de conhecer estas questões. A ciência sabe que algo está acontecendo, você sabe que algo está acontecendo. Seja um participante ativo. Que estes acontecimentos não o deixem assustado, por não saber do que se trata.



(“Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo.” Gandhi)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Estou tão feliz por você!


O compositor Morrissey, da banda inglesa The Smiths, cantou: “We hate it when our friends are successful” (Nós odiamos quando nossos amigos se dão bem). Embora “odiar” seja exagerado, resta o fato cinza e “não tão secreto” de que, mesmo nos alegrando com a sorte de um amigo, frequentemente sentimos inveja e ciúme. Sentimos até mesmo uma alegria culpável na desgraça dos outros. Seu prazer em ler sobre os problemas de relacionamento de Jennifer Aniston ou as questões com a lei de Lindsay Lohan no entanto não é fenômeno moderno. Mais de 2 mil anos atrás, tanto Patañjali quanto Buda ensinaram a prática de mudita como um antídoto para o sentimento de que a felicidade é ameaçada ou diminuída pela felicidade dos outros. Mudita, o terceiro dos brahmaviharas, ou ensinamentos yóguicos de amor, é a habilidade de sentir alegria com a boa sorte ou boas ações dos outros.

No Yoga Sutra I.33, Patañjali nos aconselha a ter alegria na virtude de outros como uma maneira de desenvolver e manter a calma da mente. Você provavelmente já experimentou como a inveja pode ser dolorida, e quanto afeta seu bem-estar mental. Sua inveja não diminui a felicidade daqueles de quem você sente ciúme, mas afeta a sua serenidade.

O Dalai Lama fala de mudita como um tipo de “autointeresse esclarecido”. Segundo ele, há tantas pessoas no mundo que é razoável considerar a felicidade delas tão importante quanto a sua; se puder ser feliz quando boas coisas acontecem para os outros, suas oportunidades de alegria aumentarão um bilhão de vezes mais.

Esse é um ensinamento que tento manter em mente durante o dia. Recentemente fui buscar minha caixa de produtos semanais do programa de agricultura sustentável da comunidade à qual pertenço. Estava ansioso para comprar uma dúzia de ovos da fazenda que cria galinhas soltas e alimentadas com grama. Esses ovos são deliciosos, e preciosos, porque apenas um número limitado é oferecido por semana. Quando cheguei ao local, convidei duas mulheres que tinham chegado ao mesmo tempo que eu a entrar na fila na minha frente. Como você pode adivinhar, elas compraram as duas últimas dúzias de ovos! Eu podia sentir meu corpo começar a contrair quando percebi que não conseguiria comprar nenhum ovo. Sorri e pensei comigo mesmo, enquanto olhava para as duas mulheres: “Que vocês realmente apreciem esses ovos”. O impressionante é que antes mesmo de terminar o pensamento, senti o centro do coração expandir e um sentimento real de energia boa percorrer meu corpo.

A raiz da palavra sânscrita mudita significa estar contente, ter um sentimento de alegria, ou, como Patañjali é traduzido, estar encantado. Embora mudita seja frequentemente discutido como “alegria empática e altruísta” no contexto de superar a inveja da sorte dos outros, Thich Nhat Hanh, o mestre Zen vietnamita, aponta que há uma maneira diferente de pensar em mudita – que não depende de separar você dos outros. No livro Ensinamentos sobre o Amor (Editora Sextante), ele escreve: “Uma definição mais profunda da palavra mudita é uma alegria que é preenchida com paz e contentamento. Nós nos alegramos com a felicidade de outros, mas nos alegramos com nosso bem-estar também. Como podemos sentir alegria por outra pessoa quando não sentimos por nós mesmos?” Sentir contentamento por nós mesmos, entretanto, nem sempre é fácil.

PISTA DE OBSTÁCULOS
O fato é que o maior obstáculo para sentir alegria é a negatividade que mantemos em relação a nós mesmos e aos outros. Quando você se julga, compara-se a outros ou inveja os outros, perpetua um sentimento de solidão e deficiência. Pode ser difícil estar aberto para a alegria – por você ou por outra pessoa – porque ela está totalmente ligada a questões de automerecimento. Você pode realmente gostar de alguém, até sentir compaixão pelo sofrimento alheio, mas ainda sente inveja do sucesso dele. Então, claro, se sente mal por estar com inveja, e o círculo vicioso continua. Essa dança psicológica é o que torna mudita tão penosa. Você tem de sentir e conectar-se com seu interior para superar o sentimento de deficiência e abrir-se verdadeiramente para o contentamento. Talvez por ser tão difícil, mudita pode se tornar uma força poderosa de liberação, livrando-o do julgamento e da inveja e tirando o sentimento de isolamento e autoconstrição que eles criam.

Porque os obstáculos para a alegria são tão perniciosos, é importante estar alerta à presença deles quando aparecem. Se possui pensamentos julgadores sobre si mesmo, por exemplo, há chances de que esteja expandindo esses pensamentos aos outros. Pensamentos julgadores tornam a mente duramente apegada em como deveria pensar nas coisas – um obstáculo óbvio para o contentamento apreciativo. Mudita é não julgadora e permite que outros possam encontrar felicidade em coisas que você não consegue. Você pode aceitar que os outros talvez escolham viver a vida deles diferentemente de você e ainda se sentir feliz por eles? Pessoas que gostam de gatos, contadores, músicos itinerantes – talvez nenhum desses inclua você, mas se as pessoas são genuinamente felizes e não prejudicam a si mesmas ou a outros, mudita é a prática de compartilhar a felicidade delas.

Outro grande obstáculo para sentir contentamento é se comparar a outros, não importa se você se coloca como melhor, pior ou igual. Comparando-se, está olhando para os outros para definir a si mesmo. O espírito de mudita, e dos outros brahmaviharas, afirma que você merece ser feliz simplesmente porque você é, não porque é igual aos outros ou porque é mais esperto, mais rico, mais legal ou “melhor” que alguém. Quando acredita e entende essa verdade, você consegue ficar contente com a felicidade dos outros em vez de sentir-se ameaçado. Seu relacionamento com o mundo torna-se uma comunhão em vez de competição.

CAÇADOR DE ALEGRIA
Você pode criar as condições para se abrir para esse tipo de alegria na sua prática de asana, em meditação e durante o dia. Quando foco em mudita em minha prática de asana ou em minhas aulas, acho útil seguir o conselho do fundador do Anusara Yoga, John Friend, em “procurar o bom”. Procurando ativamente o que é certo, sendo em uma postura ou em qualquer experiência da vida, você neutraliza a tendência da mente em fixar no que é “errado”. Não é para negar que há experiências insatisfatórias e dolorosas na vida. Afinal, mudita é o terceiro brahmavihara, formulado para ser cultivado depois de metta, que pode ser visto como a aceitação sem julgamento do que é, e karuna, que transmite a abertura compassiva para qualquer problema físico, emocional, energético e mental que você experimente. Essa ordem não é arbitrária; não é possível sentir alegria verdadeira se está preso em aversão ou apego. Mas quando puder aceitar as coisas como são, no mat ou fora dele, você começará a colocar a atenção no aspecto prazeroso de sua experiência: o fluxo de energia se movendo pelo corpo quando você sai de uma parada de mão, o aroma fresco de uma brisa de chuva, o canto de um pássaro além de sua janela.

Experiências e sensações não têm necessariamente de ser positivas para nos trazer alegria; experiências neutras também ajudam a cultivar mais contentamento. Thich Nhat Hanh usa o exemplo do “sem dor de dente”. Quando você tem uma dor de dente, sabe que é desagradável e que não ter dor de dente é agradável. Mas agora você não percebe a “não dor de dente”, porque é neutro. Ao trazer a atenção para o fato de que seu dente não dói (ou, na verdade, nenhuma parte de você dói), você deve colocar um sorriso no rosto de apreciação. Com esse tipo de consciência, você tem acesso a uma nova categoria de experiências que pode nutrir uma alegria maior.

Um relaxamento longo e profundo é parte importante para cultivar contentamento na sua prática de asanas. Quando estiver em savasana, pode tocar várias partes do corpo com sua atenção amável. Por exemplo, traga atenção aos olhos enquanto inspira, mande a eles um sorriso interno e sinta gratidão e apreciação por eles enquanto expira. Gaste algumas respirações sorrindo para cada parte do corpo dessa maneira, especialmente para as partes com que estiver menos satisfeito, desenvolvendo uma alegria maior e apreciação mais profunda pelo que é.

Essa prática de cultivar apreciação e gratidão pode ser feita durante o dia. Uma de minhas alunas confidenciou que sua vida parecia vazia. Como parte de sua prática, pedi a ela que tomasse um tempo toda noite para fazer uma lista de cinco coisas que lhe trouxeram alegria naquele dia. Enfatizei que não precisavam ser “grandes coisas”, e que talvez uma criança sorrindo poderia trazer-lhe alguma alegria. No final de uma semana, ela me perguntou se tinha de limitar a lista a cinco coisas. Ela disse que havia descoberto que tinha muitas experiências de alegria, mesmo nos piores dias. Sem negar sua tristeza e o espírito pesado, ela foi capaz de ver que nem tudo era “cinza”.

AQUI HOJE
Contemplar a impermanência também melhora sua habilidade de alcançar a alegria. Tanto Patañjali como Buda enfatizam que muito de nosso duhkha (sofrimento ou descontentamento) aparece porque vivemos como se nossas condições atuais fossem permanentes. Quando as coisas vão bem, vivemos como se elas fossem permanentes, e ficamos desapontados quando elas mudam. E quando as coisas vão mal, imaginamos que sempre será dessa maneira, esquecendo que tempos ruins também passam. A consciência da natureza impermanente de todas as coisas, incluindo nós mesmos, nos deixa mais sensíveis para a natureza efervescente, alegre da experiência. Quando você está acordado para a impermanência, nunca toma as coisas nem as pessoas como certas. Você fica ligado ao que está acontecendo, sentindo a alegria de simplesmente estar desperto para a vida. Você pode apreciar o bom sem se apegar a isso, e fica mais resistente para enfrentar os contratempos porque lembra que, verdadeiramente, todas as coisas são impermanentes.

ALEGRIA CRESCENTE
A prática formal de mudita bhavana (cultivar alegria) da tradição Yoga budista celebra a felicidade de todos os seres, incluindo você! Na verdade, pela sua crescente compreensão na interdependente natureza do mundo, você percebe que a felicidade dos outros é na verdade sua felicidade. Comece lembrando sua bondade inata. Lembre-se de um tempo em que disse ou fez algo gentil, generoso, amável e carinhoso. Então comece a oferecer a você mesmo essas frases apreciativas e encorajadoras.

Que eu aprenda a apreciar a felicidade e a alegria que experimento.

Que a alegria que experimento continue e cresça.

Que eu seja preenchido com alegria e gratidão.

Claro, você é livre para inventar suas próprias frases, contanto que tenham uma intenção apreciativa. Enquanto envia esses desejos a si mesmo, abra-se para qualquer sentimento que apareça em seu corpo ou mente. Note qual – se existe alguma – reatividade é provocada pela prática. Não espere sentir instantaneamente uma grande alegria e apreciação. Às vezes, talvez tudo que observe é uma falta de apreciação e a reação julgadora da mente. Simplesmente note o que aparece, e retorne às frases com toda a cordialidade e compaixão que conseguir reunir. Depois de direcionar essas frases a si mesmo por um tempo, a sequência tradicional diz para direcionar para um benfeitor, alguém que o tenha inspirado ou oferecido ajuda de alguma maneira.

Que você experimente alegria, e que a sua felicidade continue.

Que você seja preenchido com apreciação pela felicidade e sucesso.

Que sua felicidade e boa sorte continuem.

Que você possa ter sucesso e encontrar-se com apreciação.

Seguido do benfeitor, a sequência vai para um ser amado ou amigo; então para uma pessoa neutra, definida como alguém que você mal conhece – talvez até um estranho por quem não tenha nenhum sentimento mais forte. Seguido dessa pessoa neutra, tente direcionar essas frases apreciativas para uma pessoa difícil em sua vida. Experimente sentir alegria e prazer na felicidade daqueles que você expulsou de seu coração.

Que sua felicidade e alegria aumentem.

Que a alegria em sua vida continue e cresça.

Que você possa ter sucesso e encontrar-se com apreciação.

Se ficar muito complicado enviar esses pensamentos para uma pessoa difícil, reconheça sem julgamento e volte a enviar as intenções para um ser amado ou para si mesmo. Confie que, com o tempo, seu coração expandirá para incluir mesmo aqueles por quem você sente ressentimento e inveja, porque entenderá de verdade que a alegria e o sucesso deles não ameaçam sua felicidade. Finalmente, envie essas frases para todos os seres do mundo. Imagine irradiar esses pensamentos positivos de seu ambiente próximo em todas as direções, enviando desejos apreciativos e cheios de alegrias para todos os seres existentes. Quando sentir-se pronto para terminar a meditação, tome um tempo para simplesmente ficar sentado com seus sentimentos e sua respiração, notando e honrando a experiência que teve, seja ela qual for.

O PODER DA FELICIDADE

Se você vive sua vida como se houvesse uma quantidade fixa de felicidade no mundo, é fácil entrar em um estado amargurado e ressentido de competição com os outros. Mas a felicidade não é uma mercadoria limitada que precisa ser racionada ou estocada. Não é como aqueles ovos frescos que perdi: não há chance de alguém pegar a última. Felicidade, como o amor, aumenta quando é compartilhada. Quando se sente verdadeiramente feliz pelos outros, sua própria felicidade aumenta junto, como Patañjali nos lembra, sua paz de espírito. O que é melhor, quando compartilha felicidade ou amor com todos os seres conscientes, pela natureza de sua própria consciência, você está incluso! Cultivar mudita é uma maneira de ganhar um entendimento mais verdadeiro, e permite a você aumentar sua própria alegria, exponencialmente.

Por: Frank Jude Boccio Tradução: Thays Biasetti
Fonte: Revista Prana Yoga

quinta-feira, 14 de abril de 2011

JAPÃO

Por Monja Coen



Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão,

me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.

Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.

Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?



Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de suportar dificuldades e superá-las.



Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo de duas maneiras.



A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima.



A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas.



Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.



Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.



Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos-

mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.

Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.

Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques. Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam. Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.

Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.

Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.



O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.

Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.



Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.



Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.

Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.

Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície, na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto.



Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.



Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.



Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.



Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.



Mãos em prece (gassho)



Monja Coen

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os Benefícios de um mantra

“Um mantra tem dois objetivos.Um objetivo é de tornar a mente forte,clara e serena. O outro objetivo é: quando você se concentra em um mantra por um longo tempo ele vagarosamente se dissolve e você passa a não estar repetindo o mantra. Até mesmo esta repetição vai embora e sua mente se aquieta.Isso quer dizer que, através do mantra, sua mente fica serena e foca em apenas um ponto ao invés de se focar em todos os outros pensamentos. Seu objetivo final é de se tornar sua mente “sem pensamento “ livre de pertubações. Você começa com um mantra e então o mantra traz a você o benefício real: ele vagarosamente se dissolve, deixando sua mente completamente quieta e livre.”

Swami Satchidananda

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Leveza

Ser leve,
como a pluma que voa ao vento.

Ser leve,
Como quem aprende a amar.

Ser leve,
Como a criança que dorme.

E Na leveza de ser,
Apenas é:
Como o pássaro que canta todas as manhãs,
Como o entardecer de mãos dadas,
Como os olhos fixos em direção ao horizonte.

Na leveza de ser,
Apenas seja:
Na rubra face da timidez,
Na pressa dos jovens amantes,
Na incansável espera de quem crê.

Na leveza de ser,
Apenas sou.

Andreza Plais

segunda-feira, 28 de março de 2011

Que o vento nos sopre alegria.

Que o sol lance sobre nós seu brilho de alegria.

Que nossos dias passem com alegria.

Que a noite seja uma dádiva de alegre paz!

Que o alvorecer nos traga alegria ao chegar!

Atharva Veda

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Que é o Dharma?


Swami Dayananda Saraswaty


(Palestra de Swami Dayananda proferida na Califórnia, USA, para a revista Mananam.)

A palavra dharma é derivada da raiz sânscrita dhr, que tem certo número de significados, sendo os principais "existir, viver, continuar" e "segurar, suportar, sustentar". A própria palavra dharma acabou sendo usada numa larga variedade de sentidos, a maioria relacionados com as traduções mais comuns: retidão, virtude, dever.

Num sentido mais amplo, dharma refere-se à natureza ou caráter do que quer que seja. Nessa ordem de idéias, é possível falar do dharma de um objeto inanimado, ou de plantas e animais. O dharma, ou natureza, do fogo é proporcionar calor e luz. O dharma de uma vaca inclui dar leite e pastar. O dharma da vaca não inclui ficar à espreita e matar presas.

A natureza do ser humano, como ensina o Vedanta, é a plenitude absoluta. E é em relação ao indivíduo que não reconheceu sua própria plenitude que dharma pode ter diversas mudanças de significado.

Todos os objetivos que alguém procura na vida cabem em quatro categorias: segurança, prazer, dharma e liberação. Os desejos de riqueza e segurança e de prazeres sensoriais são compartilhados por todos os seres vivos. Quando se trata de animais, a busca desses bens é governada pelo instinto. A vaca masca a grama por instinto, não por escolha. Toda ação envolve escolha de finalidades e meios para atingir um dado objetivo. Cada um pode agir em harmonia com sua natureza, em contato com outros indivíduos ou dentro da sociedade, ou pode não fazê-lo. Assim, para o ser humano, são valores que governam as ações ou a busca de segurança e prazer. Uma vez que valores são sujeitos a variações e mudanças, cada um deve ter um conjunto de linhas de conduta que governe seus valores.

Esse conjunto - ética - é chamado dharma. Dharma inclui tanto uma ética do bom senso, escolher minhas ações de maneira a não agredir os outros, como uma ética religiosa, que diz não me ser possível escapar dos resultados das minhas ações. Ações corretas ou incorretas levam a resultados conseqüentes, seja nesta vida ou depois dela.

O quarto objetivo desejado - o que dá fim a todos os demais desejos e objetivos - é moksha, a liberação. Liberação e reconhecimento da própria natureza como plenitude e totalidade. A pessoa liberada, como um ser pleno, não tem mais desejos e sua vida só pode estar em harmonia com tudo que a cerca. É um exemplo vivo de dharma a ser seguido por todos. Até que se alcance essa plenitude, as leis do dharma se mantêm como linhas de ação que norteiam a vida. Vivendo uma vida reta e virtuosa, a pessoa prepara a mente para receber o ensinamento que lhe trará moksha.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

AUTOBIOGRAFIA EM CINCO CAPÍTULOS

1) Ando pela rua

Há um buraco fundo na calçada

Eu caio

Estou perdido...sem esperança.

Não é culpa minha

Leva uma eternidade para encontrar a saída



2) Ando pela mesma rua,

Há um buraco fundo na calçada

Mas finjo não vê-lo.

Caio nele de novo.

Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.

Mas não é culpa minha.

Ainda assim, leva um tempão para sair.



3) Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Vejo que ele ali está

Ainda assim caio... é um hábito.

Meus olhos se abrem

Sei onde estou.

É minha culpa.

Saio imediatamente.



4) Ando pela mesma rua.

Há um buraco fundo na calçada.

Dou a volta


5) Ando por outra rua.

Citação extraída de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer

(Sogyal Rinpoche)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

PIPOCA


A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras que com as panelas. Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-mo a algo que poderia ter o nome de ‘culinária literária’. Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos. Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A festa de Babette, que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como ‘chef’. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo - porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.

As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu. A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível. A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela.

Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos, são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas. Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblê baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblê...

A pipoca é um milho mirrado, sub-desenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!

E o que é que isso tem a ver com o Candomblê? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa - voltar a ser crianças!

Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: pum! - e ela aparece como uma outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. ‘Morre e transforma-te!’ - dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Meu amigo William, extraordinário professor-pesquisador da UNICAMP, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia as explicações científicas não valem. Por exemplo: em Minas ‘piruá’ é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: ‘Fiquei piruá!’ Mas acho que o poder metafórico dos piruás é muito maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: ‘Quem preservar a sua vida perde-la-á.’ A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...

Crônica de Rubem Alves (retirada do livro "O amor que acende a lua")

AOS MESTRES

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