Ganesha simboliza a sabedoria, inteligência, amor, fertilidade e prosperidade. É o primeiro a ser invocado nas cerimônias para garantir o sucesso em qualquer empreendimento. Ele destrói todos os obstáculos materiais e espirituais. Os indianos dedicam à Ganesha o dia 9 de setembro para homenageá-lo (é feriado na Índia e as festividades duram uma semana)... veja "A História de Ganesha" postado no Blog em julho/2009

“O Yoga acredita em transformar o individual antes do universal.
Qualquer mudança que nós quisermos que aconteça fora de nós, deve primeiramente acontecer dentro de nós.
Se você caminha em paz e expressa esta paz em sua vida cotidiana, outros verão você e certamente aprenderão algo.”




domingo, 13 de dezembro de 2009

GUIA POSTURAL

UTTANASANA

Como fazer:


  • Em tadasana mantenha os joelhos firmes

  • Dobre-se para frente e encoste os dedos no chão, próximo aos pés.

  • estique a coluna, dobre-se a partir do quadril

  • contraia as coxas e erga patela

  • distribua as plantas dos pés uniformemente no chão

  • mova o tronco para o mais próximo das pernas que for possível

  • encoste a cabeça nos joelhos

  • tente manter os joelhos estendidos

Benefícios:



  • cura dores de estômago

  • tonifica o fígado, pâncreas e rins

  • alivia cólicas nos períodos menstruais

  • retarda os batimentos cardiacos e rejuvenesce a coluna

  • acalma o cérebro

Contra-indicações:


crise de hipertensão, dores de cabeça e enxaqueca.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Qual é o dia para ser feliz se não for hoje?

Estamos quase em 2010 e ainda me recordo do sensacionalismo relacionado ao ”BUG do Milênio” e da passagem de 1999 para 2000. Alguns acreditavam nas profecias do fim dos tempos e possivelmente naquele Reveion seria o “Juízo Final”.
Já se passaram 9 anos e o juízo Final ainda não aconteceu. Novas profecias continuam aparecendo e novas previsões do final dos tempos também. Não sei se este mundo realmente terá um fim, mas sei que o fim do corpo físico é certo para cada um de nós.
O dia de hoje até meia noite ou enquanto ele estiver acontecendo, enquanto ele não for interrompido por um “acaso” qualquer, é o último dia que temos para viver neste planeta. Portanto, este é o dia para ser feliz.
Vander Lee escreveu: “qual é o tempo da alegria se não for toda manhã?
Existe um termo no Yoga conhecido como Santosha que traduzindo para o bom Português significa CONTENTAMENTO.
Contentamento vem do coração, brota na alma e é a alegria que não há razão de ser, mas simplesmente é.
É a alegria que deveríamos sentir todos os dias ao acordar pela manhã independente do que nos espera pela frente. O contentamento nos aproxima do estado equânime da alma onde podemos conhecer a verdadeira felicidade.
Não é fácil exercitar santosha porque requer esforço e aceitação. Esforço para transpor as barreiras do EGO que nos diz que para alcançar a felicidade é preciso satisfazer nossos desejos. Sabemos que nem sempre conseguimos conquistar ou realizar tudo o que queremos. Aceitação para entender que as experiências ruins são transitórias assim como as coisas boas da vida.
O tempo está passando e eu estou aprendendo que o dia para ser feliz é hoje, agora, já, imediatamente!
Nossas experiências precisam ser profundas e deve haver sabedoria em nossas escolhas.
Cada dia a mais é um dia a menos na roda da vida que gira, gira, gira...algumas vezes a vida reproduz situações já vividas. Isto pode ser ruim se você mantém a mesma postura de antes e não evolui em atitudes e sentimentos. Mas isto pode ser bom se você conseguir transpor suas dificuldades e adquirir novas posturas, comportamentos e sentimentos em relação aos acontecimentos da vida.
O Fato é que não da para protelar a felicidade pensando que um dia a vida será completa e perfeita por que a vida por si só já é plenitude e perfeição.
Estamos no final do ano e não haverá BUG do Milênio. O maior risco agora é de falha no computador humano, na mente humana.
È momento de prezar pelo bem estar físico, mental e emocional.
È momento de desacelerar e deixar a vida fluir mais leve, mais alegre.
Agora é o momento para lapidar o que precisa ser lapidado por que “só o que está morto não muda”. E se você ainda estiver esperando o amanhã chegar para arrumar suas gavetas, sua mente ou seu coração, não se esqueça de que a roda da vida continua girando, que o tempo da alegria é agora e que o dia para ser feliz é hoje.


NAMASKAR!
Andreza Plais

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

SHATKARMAS

AÇÕES DE PURIFICAÇÕES

SHATKARMAS são terapias tradicionais de limpeza usadas na índia. Elas asseguram a limpeza necessária ao bem estar, ao equilíbrio e à saúde.
O Povo Hindu se preocupa bastante com a higiene do corpo físico, especialmente os Yoginas
Um dos elementos mais usados nas limpezas é a água. Uma recomendação de exercício diário de limpeza é: Tome bastante água.
Existem muitos procedimentos de purificação no yoga e eles são agrupados em seis conjuntos. SHAT significa seis, KARMA significa ação. Os seis grupos são: Kapálabháti, trátaka, lauliki, neti (jala neti, dugdha neti, ghrita neti e sutra neti) dhauti e basti. Cada técnica trabalha sobre uma área definida do corpo, não apenas purificando-o por fora, mas principalmente por dentro.
O JALA NETI é uma purificação simples e pode ser realizada sem um acompanhamento especial. Para todas as outras técnicas é necessário um estágio avançado de prática e um acompanhamento especial de um Instrutor qualificado.
Para o trabalho com a energia vital, como acontece na prática de yoga, é necessário promover a desobstrução dos caminhos pelos quais esta energia percorre. E este é um dos objetivos do Shatkarma.
Existem dois importantes canais de energia no nosso corpo, situados em nossas narinas. São denominados NADI IDA (narina esquerda) e NADI PINGALA (narina direita). A energia vital entra pelas narinas através destes nadis e percorre todo o corpo através do canal central denominado SUSHUMNÁ situado ao longo da coluna.
Quando estes canais de energia estão purificados e equilibrados, o Prana (energia vital) é melhor distribuído e as vias respiratórias funcionam em total plenitude e harmonia.
O Neti é a atividade de purificação das mucosas nasais. Compreende o sútra neti, que se faz usando um cordão, o jala neti, que se faz com água, o dugdha neti, com leite e o ghrita neti, na qual usa-se ghee, manteiga clarificada.
É ótimo contra males dos seios frontais e nasais, como sinusite, enxaquecas, rinites, corizas ou resfriados e ainda favorece a saúde das regiões cerebral, cervical e escapular. Limpa as narinas, elimina o excesso de mucosidade acumulada nos seios nasais e frontais, estimula o ájña chakra e desenvolve a clarividência.
È Excelente para refrescar o cérebro, aliviar ansiedade, raiva, depressão e remover sonolência.
O JALA NETI é muito importante para os praticantes de yoga que desejam refinar sua respiração. A respiração correta garante uma prática de Yoga mais concentrada, boa saúde e longevidade. Mas vale lembrar que para alcançar o objetivo desejado é preciso disciplina e prática constante.
Para fazer o neti necessita-se de um pequeno bule de cerâmica próprio, chamado LOTA
A água utilizada deve ser mineral, morna e salgada na proporção de uma colher de sobremesa de sal (de preferência sal marinho) para um litro de água. Se a água estiver pouco ou demasiado salgada, poderá sentir uma leve dor na altura dos seios frontais e ardência na mucosa nasal. O Soro fisiológico morno também poderá ser utilizado. Caso queira tonificar os vasos sangüíneos desta área, utilize água fria. Isto melhora a circulação e evita hemorragias nasais.

Descrição da técnica :

Fique em pé, com o tronco ligeiramente inclinado para frente e incline a cabeça para o lado direito. Coloque o bico do lota na narina esquerda e incline-o, permitindo que a água entre por essa fossa e saia pela outra. A passagem da água deve ser natural e sem esforço. Isto vai depender da inclinação da cabeça. Mantenha a boca entreaberta e respire por ela. Havendo esvaziado o recipiente, deixe o tronco na mesma posição e o rosto agora voltado para baixo até que saia o excesso de água e enxugue as narinas. Em seguida, observando as mesmas instruções, faça fluir a água da fossa nasal esquerda para a direita. Após terminada as duas narinas, execute kapálabháti (expirações fortes e rápidas como se estivesse assoando o nariz) a fim de extrair o restante da água e secar as narinas por completo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

SANKALPA

Buscar uma vida melhor em toda sua plenitude requer consciência e equilíbrio. O Yoga proporciona precioso auxilio nesta busca.
Âsanas, pranayamas, Shatkarma, mudrás, mantras, yoganidra e Sankalpa são apenas algumas técnicas do Yoga que proporcionam uma vida com mais qualidade e consciência.
Patanjali (codificador do Yoga Clássico) no capítulo II, 33 do Yoga Sutra, convida o praticante para uma reflexão e uma escolha consciente dos seus pensamentos, atitudes e ações. Em outras palavras, para viver uma vida plena e melhor, basta viver o momento presente cuidando para que nossas ações gerem samskaras positivos.
Os Samskaras são as impressões deixadas no subconsciente da mente baseadas em memórias ou desejos advindos de ações passadas. Os samskaras ficam armazenados no subconsciente aguardando a condição apropriada para se manifestarem. Para Patañjali, portanto, os samskaras são as sementes dos pensamentos e emoções que, uma vez “maduros”, irão produzir novos pensamentos, desejos e vontades, mantendo em funcionamento a roda do samsara, aprisionando e condicionando o ser humano.
Os Samskaras podem ser positivos ou negativos. Para substituirmos os samskaras negativos devemos desenvolver qualidades opostas à indesejável. Isto é, se queremos eliminar sentimentos de medo e tristeza, devemos cultivar samskaras que gerem coragem e alegria.
Uma ótima ferramenta para formarmos samskaras positivos e substituirmos os negativos é o SANKALPA.
Sankalpa significa resolução interior, propósito, objetivo. É aquilo que se pretende fazer ou conseguir, é uma intenção dirigida para aquilo que queremos.
O Sankalpa potencializa aspectos positivos da personalidade em nível subconsciente. Fortalece a estrutura da mente facilitando a realização de nossos objetivos porque ativa as qualidades positivas que existem dentro de nós e que estão bloqueadas no subconsciente.
Para utilizar a técnica de Sankalpa, é preciso fazer uma auto-análise para identificar a principal carência do nosso ser e evocar aquilo que queremos verdadeiramente melhorar.
A Frase escolhida para a prática do sankalpa deve ser curta, concisa, clara e carregada de significação. Devem ser poucas palavras e sempre as mesmas para fixá-las no pensamento. A frase deve ser positiva e conjugada sempre no presente porque a mente subconsciente só entende o presente. O Sankalpa nunca deve ser verbalizado. A prática de cada sankalpa tem duração de dez a quinze sessões sucessivas de meditação ou de yoganidra.
Sankalpa está relacionado com a força de vontade e a estabilidade emocional por isso a realização de âsanas que envolve a região do plexo solar (abdominal) favorece a sustentação para a firmeza do sankalpa.
Alguns exemplos de sankalpa:
“confio em mim”; “harmonia fí­sica e mental”; “sou feliz e saudável”; “Minha mente é concentrada”; “meu corpo é flexível”...
Seja qual for o sankalpa escolhido para o momento, repita-o com vontade, fé, sentimento pleno e consciência. A disciplina e a entrega verdadeira na execução desta técnica farão com que os resultados apareçam tão logo a prática seja iniciada.

BOAS PRÁTICAS!
Andreza Plais

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Santosha, o sorriso do coração

Texto de Rosana Biondillo

Em linhas gerais, quando falamos em Yoga, santosha é considerado um dos cinco niyamas, que compõem uma das etapas do sistema delineado por Patañjali - o Ashtanga Yoga. Sua tradução mais comum é contentamento - palavra que eu, particularmente, acho maravilhosa! Aliás, acho ambas maravilhosas: s-a-n-t-o-s-h-a (do original sânscrito) e c-o-n-t-e-n-t-a-m-e-n-t-o. Experimente falar devagar e pausadamente, sentindo atentamente cada letra, cada sílaba e cada som, que você vai saber o que quero dizer. Mas é claro que essas palavras não são magníficas apenas por sua pronúncia ou tradução, ou por suas qualidades estéticas, mas muito mais por seu significado implícito, pelo alcance incalculável que a percepção e a experiência concreta desse significado podem fazer despertar.
Quando se refere à prática de santosha como requisito ao discipulado no Yoga, Patañjali nos orienta em duas direções essenciais: a busca da realidade tal qual ela é e sua conseqüente aceitação para que a legítima transformação possa ocorrer. Para Patañjali, contentamento não significa passividade, concordância inquestionável ou permissividade. É muito mais uma sensibilidade para ver as coisas como são e não apenas como aparentemente se mostram ser ou, o que pode ser ainda mais dramático, vê-las de maneira distorcida sob a ação de fortes ressentimentos e conflitos interiores, fazendo com que haja uma veemente negação dessa realidade. Afastar-se da realidade, ou simplesmente não aceitá-la, não muda a natureza dos acontecimentos em si, mas apenas gera dependência, ilusões e decepções pessoais e sociais de proporções por vezes gigantescas.Ao falar em contentamento, a proposta original de Patañjali está intimamente ligada à superação das decisões e dos julgamentos baseados apenas na utilização de nossos cinco sentidos - audição, visão, olfato, paladar e tato -, que podem ser contraditórios e distorcidos, pois dependem fortemente de fatores e mecanismos externos para a realização plena de suas funções. Enxergamos o mundo com os olhos, ouvimos seus sons com os ouvidos e cheiramos seus aromas com o nariz, mas isso não significa que todos vejamos as mesmas coisas, ouçamos os mesmos sons e cheiremos os mesmos cheiros.

Aos fatores externos, Patañjali já sabia que a natureza interna de cada ser a esses se somava, que as experiências individuais são determinantes nas interpretações da realidade e que bem lá no fundo, só vemos o que podemos e queremos ver, só sentimos as fragrâncias que podemos e queremos sentir e só ouvimos o que podemos e queremos ouvir. Em resumo: só fazemos o que estamos equipados para fazer e só aceitamos o que podemos e queremos aceitar, mesmo que a custa de muita dor e sofrimento.
Para que mudanças possam ocorrer, devemos nos estabelecer no momento presente (muito mais o presente psicológico e não somente o cronológico), nem no passado e nem no futuro, e vivenciarmos sua totalidade. Mas que tipo de vivência, que tipo de existência, devemos buscar? Segundo Patañjali, uma que não apresente motivos para repetição do passado e nem para

antecipação do futuro, que seja um estado de viver no presente, que não seja nem imediatista e nem oportunista, que não alimente expectativas de resultados rápidos e fortuitos e que não dê a falsa idéia de que o esforço e a disciplina constantes são itens descartáveis. Para Patañjali, sem dúvida o esforço é primordial, mas também não deve ser apenas obrigatório, pois pode tornar-se pesaroso e desinteressante. Para ele, o esforço deve ter uma qualidade de disposição, de alegria, de bem-estar; deve ter um elemento de paixão, de energia, de constante, e, de preferência ininterrupto, c-o-n-t-e-n-t-a-m-e-n-t-o.

O sorriso do coração


Patañjali nos fala da importância dos hábitos e dos condicionamentos como cadeias reativas de comportamento. Para ele, nos comportamos de determinadas maneiras padronizadas devido aos hábitos fortemente enraizados tanto na fisiologia como no psiquismo humanos. Não pensamos antes de reagir porque parece que tudo sempre acontece muito rápido e também porque já estamos programados para agir de determinadas maneiras em determinadas situações, de forma meio inconsciente. Quem dirige em grandes cidades como São Paulo, por exemplo, sabe bem do que estou falando! É por isso que mudar determinados comportamentos e atitudes é tão difícil. Mas certamente não é impossível.
Para que as legítimas mudanças possam ocorrer, temos que procurar não apenas reagir às situações, mas implementar novos modelos de ação consciente. Ao invés de simplesmente esboçar uma reação automatizada em uma determinada situação, você pode propor uma nova ação - mais centrada, menos imediata e muito mais consciente. Ações conscientes não são meras e mesquinhas reações, embora não sejam nada fáceis de se realizar. Mas a dedicação e a intenção são fundamentais. É continuar firme no propósito apesar dos pesares. É colocar em prática os atributos de santosha, que não dependem de fatores e nem de situações externas para se manifestarem.
A sensação gostosa e tranqüila que vem de dentro, sem explicações, que parece nascer do nada, sem motivo aparente e sem razão de ser é puro contentamento. Aliás, não há razão para santosha, pois ele brota na alma e expressa o sorriso de um coração feliz. Quando seu coração sorri, isso é contentamento: é a alegria pela alegria, é a satisfação pela satisfação, é a emoção pela emoção, é a paz pela paz, é o ser pelo ser.Quando você se sentir contente e centrado no momento presente, apesar dos mensalões e furacões que avassalam nossa realidade mais imediata, quando seus lábios expressarem um leve e iluminado sorriso, e quando seus olhos brilharem apenas por brilhar, você estará em santosha - um estado onde não se fala com a voz da razão mas com a do coração, onde não se enxerga com os olhos do corpo mas com os da alma.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

GUIA POSTURAL

USTRASANA

Como fazer:
Ajoelhado, coloque as mãos nas costas acima da pélvis, com os dedos apontando para baixo e os cotovelos se comprimindo um em direção ao outro. Relaxe os ombros para baixo e empurre-os para trás. Mantenha o peito para cima até que o corpo comece naturalmente a arquear para trás. Tente encostar as mãos na sola dos calcanhares.
Permaneça na postura por 1 minuto.

Benefícios:
Aumenta a flexibilidade da coluna, abre a caixa torácica melhorando ombros caídos e cifose. Melhora dor nas costas, reforça articulações da bacia e do cóccix. Alonga a musculatura abdominal, alivia problemas de prisão de ventre. Fortalece glúteos, coxas e abdômen Estimula a tireóide, rins e glândulas supra renais

Precauções:
Contra-indicado em casos de problemas na coluna, lordose acentuada, artrose, problemas graves no coração e hérnias já adiantadas.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

YOGA EM OITO PARTES

Todo aquele que pertence ao universo do yoga, seja como um praticante antigo ou um iniciante interessado no que faz, já ouviu em algum momento sobre o Ashtanga Yoga de Patanjali.
Apesar de algumas diferentes versões sobre quem teria sido Patanjali, o que é importante ter em mente neste momento é que a compilação dos Yoga sutras foi atribuída a ele. Portanto, Patanjali não criou o Yoga, apenas compilou e sintetizou o conhecimento védico através dos aforismos contidos no Yoga sutra.
Ashta significa oito e anga quer dizer partes ou membros. Ashtanga Yoga de Patanjali é um tratado sobre Raja Yoga baseado na escola Samkhya e no Bhagavad Gita e descreve a essência do Yoga através de oito estágios.
Os estágios descritos por Patanjali vão do mais denso ao mais sutil estado de introspecção. Por meio da prática de cada um destes estágios é que o homem se torna puro e inteiro com sua natureza divina.
As oito partes do Ashtanga Yoga são: Yamas, Niyamas, âsanas, Pranayama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi.
Em geral, quando alguém procura pelo Yoga o faz com o foco no ásana que é a técnica mais conhecida e visível do Yoga e corresponde às suas posições psico-físicas.
As motivações para se buscar a prática do yoga são diversas e geralmente estão relacionadas a necessidade de adquirir bem estar físico e mental ou por alguma indicação terapêutica. Muitas pessoas nem imaginam que os âsanas são apenas uma pequena parte do que representa o Yoga.
Segundo os textos clássicos, antes mesmo de se aventurar na prática dos âsanas, o primeiro passo em direção ao verdadeiro caminho do yoga é viver de maneira ética seguindo os passos descritos como YAMAS e NIYAMAS que são os alicerces de uma prática consistente, são os códigos de conduta do praticante.
Os Yamas são princípios, código moral a ser seguido em relação ao ambiente externo. São eles: ahimsa, a não violência, satya, a verdade, asteya, não roubar/honestidade, brahmacharya, a não-dissipação da energia sexual, aparigraha, a não possessividade,
Os Niyamas são as disciplinas pessoais, orientações a seguir em relação a si mesmo. São eles: sauchan, a limpeza, santosha, o contentamento, tapas, auto-superação, svádhyáya, o auto-estudo, Ishvara pranidhana, a entrega a Ishvara, ao Absoluto.
A observância desses códigos de conduta e o comprometimento em segui-los associados às outras partes do Ashtanga Yoga permite ao praticante evoluir rumo ao objetivo final que é o auto-conhecimento, a evolução pessoal e a libertação.
Os âsanas conforme já mencionado anteriormente, são as posturas psicofísicas do yoga e Patanjali defini como sendo “a postura, firme e confortável” (sthirasukham ásanam, YS,II:46).
Pranayama é o processo de expansão da energia vital por meio do controle respiratório. Através dos diversos tipos de pranayamas podemos controlar nossa agitação mental e gerar energia e equilíbrio para o corpo físico
Pratyahara é o domínio dos sentidos, é a libertação dos diversos impulsos sensoriais.
Ásana, pránáyáma e pratyáhára dão ao praticante uma infra-estrutura física e mental firme para que possa suportar as transformações decorrentes do seu processo de auto conhecimento.
Dharana é a concentração da mente sobre um objeto e o seu campo. Por meio de Dharana aumentamos nossa concentração em relação a vida e ao trabalho.
Dhyana é o estado meditativo, a meditação propriamente, o momento em que entendemos claramente os nossos pensamentos sem julgamentos e com muita lucidez.
Samadhi é o estado supremo de percepção e controle das funções da consciência onde perdemos a identificação com o EU e entendemos a consciência universal.
Uma vez que entramos em contato com os estágios do Yoga e tentamos aplicá-lo na vida diária, percebemos como o Yoga é uma ciência vasta e profunda e que seu significado jamais poderia ser entendido em uma única definição.



Andreza Plais

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

NAVARATRI PUJA

No mês de setembro/outubro (de 19 a 28/09), na maior parte da índia é celebrado o Navaratri Puja. O Navaratri Puja é o culto de adoração ao Aspecto feminino de Deus denominado DEVI em suas diversas formas, Durga, Lakshmi e Saraswati. Esta celebração dura 9 noites. Navaratri significa “nove noites sagradas” (Nava = nove + ratri = noite). A navaratri é celebrada para remover nossa ignorância existencial muitas vezes alimentada pelo EGO. Cada devi é adorada por 3 dias e o décimo dia, é chamado Vijayadasami (Dia da Vitória) onde é celebrada a destruição do ego e a luz do conhecimento.

Qual é a melhor religião?

Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama.

LeonardoBoff explica:No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga: - "Santidade, qual é a melhor religião?"(Your Holiness, what´s the best religion?)Esperava que ele dissesse: "É o budismo tibetano com certeza!" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo!"
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos, o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou: “- A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz uma pessoa melhor depois que você a pratica."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar: - "O que me faz melhor?" Respondeu ele: -"Aquilo que te faz mais compassivo". (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável, mais feliz, mais saudável, mais harmonioso... mais ético... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..." Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...
Não me interessa amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião. O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo...
Lembremos:"O Universo é o eco de nossas ações e nossos pensamentos".A Lei da Ação e Reação não é exclusiva da Física. Ela está também nas relações humanas. Se eu ajo com o bem, receberei o bem. Se eu ajo com o mal, receberei o mal.Aquilo que nossos avós nos disseram é a mais pura verdade: "terás sempre em dobro aquilo que desejares aos outros".Para muitos, ser feliz não é questão de destino.
É de escolha.Pense nisso e escolha a melhor religião pra VOCÊ!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NoRmOsE

Texto de Martha Medeiros inspirado na Palavra NORMOSE criada pelo Professor Hermogenes

"Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: Quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Maria bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes."

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Guia Postural

Adho mukha svanasana
ADHO = PARA BAIXO
MUKHA = ROSTO
SVANASANA = CACHORRO

(cachorro com o rosto voltado para baixo)

Benefícios: Fortalece a região do pulso, alonga as mãos, os ombros, musculos das costas e a parte de trás das pernas e tornozelos. Fortalece a musculatura do corpo e desacelera a mente. Diminui dores de cabeça e hipertensão. A cabeça voltada para baixo irriga o coração, melhora a resistência física, aumenta a energia do corpo, e do cérebro e fortalece a memória.

Como fazer: Em quatro apoios, separe os pés e os joelhos na largura do quadril. Pressione as palmas para baixo, contra o chão e levante os joelhos. Caminhe para trás. Deixe as pernas bem alongadas, os pés alinhados com as mãos e tente manter os calcanhares em contato com o solo. Os braços ficam firmes, e os glúteos projetados em direção ao teto. Alongue a coluna e leve o osso do centro do peito para frente, na direção das mãos, e para baixo, expandindo todo o tórax. Não deixe os cotovelos virarem para cima.

Duração: iniciantes devem permanecer no máximo 30 segundos no asana e aumentar gradativamente até atingir um minuto.

Precauções:
Hipertensos ou portadores de dor de cabeça crônica só devem fazer com a cabeça apoiada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ahimsá, a meta ética do Yoga de Pátañjali

Por José Hermógenes

Ahimsá é colocado à frente de todos os yamas e niyamas, não só como sendo o mais importante, mas por ser o objetivo de todas as abstinências e preceitos éticos estabelecidos por Pátañjali. Todas as virtudes conduzem a ahimsá. Vejamos:

YAMAS (ABSTINÊNCIAS) CONTRIBUINDO PARA AHIMSA


Satya
A segunda abstinência, ou yama, é "abstenha-se de mentir". Satya é não somente a Verdade, mas a veracidade. Quando o yogin se abstém de iludir, de mentir, de comunicar aquilo que ele sabe que não é, está agindo em nome do amor que tem pelo outro. Quando, ao contrário, hipocritamente, explora a credulidade do interlocutor, comete uma violência, um desrespeito, está ferindo, embora de maneira sutil, alguém que precisa da Verdade. Viver, pensar, querer e dizer a verdade é ahimsá; é contribuir para o bem. Há, no entanto, certas verdades que, se forem ditas de maneira crua, chegam a ferir, a desgostar, a machucar o próximo. Há verdades que, expressas sem caridade, embora sendo verdade, valem por himsá. Quando tivermos de optar entre uma verdade que machuque e o evitar machucar, ensinam os Mestres, que se sacrifique a verdade ao amor, isto é, que se pratique ahimsá mesmo em detriimento de satya. Há um exemplo clássico para ressaltar esse preceito: se um homem em fúria assassina, um assaltante feroz, lhe perguntar onde se encontra aquele que ele procura matar e você mentir indicando-lhe uma direção falsa ou omitir o que sabe, você está sacrificando a verdade, mas está entronizando o amor. A verdade sempre deve servir ao amor. Satya deve conduzir a ahimsá.

Asteya
A terceira abstinência é "não se aproprie do que não é seu". Asteya, o não furtar (roubar), é um mandamento em proveito do amor. Qualquer furto é himsá, é violência, pois causa dano patrimonial e, indiretamente, outros danos à vítima. Não é preciso que o roubo seja de objeto material (dinheiro, jóia, utilidade...). Devemos evitar igualmente roubar idéias, prestígio... Tudo isso, que tanto se vê em nossa Humanidade infeliz, é himsá. Se não chega a ser ódio, é falta de amor, falta de caridade. Os lucros excessivos são agressões, e constituem violência. A Humanidade viveria em paz se cada um evitasse se apropriar indevidamente de qualquer valor, tirando-o, desonesta e cruelmente, dos demais. Haveria para todos o bastante para viver. Em proveito do amor (ahimsá), devemos respeitar asteya.

Brahmacharya
A quarta abstinência é em relação ao sexo. "Abstenha-se do sexo" seria sua formulação literal. Mas tal conceito de castidade carece de um esclarecimento. Não se refere a "castração" psíquica. Não implica repressão. Não significa um anátema à união sexual. Nada disso. Uma vida casta é aquela que conduz (acharya) para Deus (Brahman). Brahmacharya é o caminho para Deus. E nisso, sexo não é pecado. Pecado, erro e desvio desse caminho é o abuso, a aberração, a degradação, a poluição sexual. O sexo é tão divino como o pensar, o respirar... A atividade sexual perpetua a vida e é uma função a serviço de Deus. A energia sexual, tanto quanto a espiritual, são expressões de Shaktí (a Mãe Divina). Como sexo, com pureza e castidade, pode ser condenado como pecado? O anátema não é sobre o sexo, mas sobre a exploração e o abastardamento do que é divino. Explorar sexualmente outrem, corromper sexualmente outrem, é agressão, é violência, é falta de amor. Pátañjali nos diria: tendo ahimsá (o amor) por objetivo, não abastarde o sexo, não fira a dignidade de seu companheiro ou companheira, mas ame-o com Amor divinizante. Diria também Pátañjali: não use a Shaktí tão exagerada e obsessivamente para a atividade sexual, mas seja sóbrio, e economize a energia para a canalizar no sentido vertical da espiritualização. Em outras palavras: economize no sexo e, assim, acumule ojas shaktí, energia espiritual.

Aparigraha
A quinta abstenção é "não cobice". A cobiça produz himsá, isto é, desamor, descaridade, violência, crueldade e ódio, e se manifesta como variados crimes contra os outros. A cobiça é uma ansiedade por ter mais, conquistar mais, reter e multiplicar o que já se tem e desfruta... E tudo isso só é possível sacrificando os outros. Na concorrência - "eu devo ter mais e ganhar mais..." - o ambicioso não vê irmãos diante de si, e muito menos a Unidade Essencial; vê somente vítimas a serem exploradas, dilapidadas, empobrecidas e esmagadas... Que é isso senão himsá? Os que se abstêm de cobiçar estão concorrendo para o amor, para a caridade e para a justiça. Isso não é ahimsá?

Vimos até aqui como os yamas os abstinências contribuem para ahimsá. Agora veremos como os preceitos ou niyamas também o fazem.

NIYAMAS (PRECEITOS ÉTICOS) CONTRIBUINDO PARA AHIMSA

Shauchan
O primeiro preceito diz: "seja puro". O praticante de Yoga deve cultivar pureza em seus diversos aspectos: internos, externos, físicos e psíquicos. Parece difícil encontrar correlação entre pureza interior e ahimsá. Um interior impuro é um organismo intoxicado. Ora, uma pessoa intoxicada, digamos no caso de uma vítima de prisão de ventre e simultaneamente um comedor de carnes (alimentos rajásicos, próprios para as feras, as quais precisam ser violentas), sua predisposição é muito mais para reações bruscas, agressivas e descontroladas do que o contrário. A limpeza externa, mesmo numa pessoa de escassa beleza, lhe dá uma aparência agradável e amena. Ao contrário, caracteriza-se como falta de caridade uma aparência suja, desalinhada e fétida. Em homenagem ao amor e benevolência, cuide de sua pureza externa.

Santocha
O segundo preceito é "cultive contentamento". Uma pessoa contente é um violento a menos na sociedade. O descontente, ao contrário, é um perigo solto. O descontente, sujeito à inveja, à insegurança e à intemperança é potencialmente um agressor. Em silêncio rumina planos, em seu coração deseja algo, mesmo que seja contra alguém. Isso já é himsá. O homem contente, humilde e satisfeito, por quê vai atirar-se contra quem quer que seja, contra o que quer que seja? O contentamento o faz eqüânime e feliz. Não se sente ameaçado. Não se sente desafiado. Nem ofendido. Nem intranqüilo. É uma pessoa pacífica, paciente e contente. Isso lhe assegura conviver em paz, em ahimsá.

Tapas
O terceiro preceito é difícil de sintetizar, como os outros, em apenas uma sentença, pois o termo sânscrito tapas tem múltiplos significados. Conforme o significado que lhe atribuamos, o preceito muda, mas todos eles concorrem para reduzir a violência no mundo. Vejamos:
a) "pratique austeridades", isto é, discipline seus desejos de conforto, de mordomia, de gozo e de sensualidade, não precisando chegar às mortificações patogênicas e masoquistas;
b) "melhore a têmpera (temperamento), a endurance (resistência, flexibilidade), a condição espartana (rigoroso, austero) no corpo e na mente, tanto que o corpo venha a se tornar um instrumento domado, afinado, resistente à enfermidade, à fadiga fácil, ao ataque do tempo e das intempéries";
c) "deixe queimar as impurezas, as incrustações adversas ao caminho e os vestígios de condições impróprias à realização maior";
d) "não se deixe amolecer no conforto, na segurança, no ócio, no luxo, na luxúria...", o que equivale dizer: fortaleça sua vontade e seu caráter. Em qualquer dessas interpretações para a palavra tapas (literalmente, queimar), o preceito nos vacinará contra o rancor, o ódio, a violência e a ira, isto é, contra himsá. E não é exatamente isso que se entende por ahimsá? A evidência mostra que só os fracos e medrosos atacam. Assim, um sereno praticante de tapas, que nada teme e tem o dom de suportar tudo com eqüanimidade, um sereno praticante de tapas, que é essencialmente um forte e destemido, jamais produzirá sofrimento no mundo.

Swádhyáya
O quarto preceito recomenda: "estude-se e estude o Ser"... desde que alguém, por uma auto-análise isenta e corajosa, constatou ser uma pessoa violenta, tem a condição básica para tornar-se não-violenta. É a partir de uma autognose, ou melhor, de um diagnóstico de si mesmo, que o indivíduo pode se tratar de um traço ou outro de seu caráter, temperamento ou comportamento. Enquanto iludido, acredito que sou uma pessoa pacífica, não tendo como me curar de minha violência intrínseca e inapercebida...só aquele que começa a sentir o Ser, e consegue sentir o mesmo Ser nos seres dos outros, perde definitivamente sua possibilidade de ferir, e, ao mesmo tempo, não pode mais deixar de muito amar. Se uma autognose não revela a alguém que ele é agressivo e violento, mentiroso, desonesto, vítima de sexualidade mórbida em quantidade e qualidade, ambicioso, impuro, descontente, comodista e frágil... como a correção de tantos defeitos? Swádhyáya , como o estudo do Ser de todos os seres, é o preceito mais eficiente para trazer paz entre os homens e para implantar o amor.

Íshvara pranidhána
O quinto niyama seria expresso assim: "entregue-se total e irrestritamente a Íshvara, Deus pessoal, Aquele, sem a Graça do Qual, é impossível a realização do Yoga, ou União". Quem vive entregue a Deus não tem problemas. Não tem reivindicações a fazer. Não tem combates a travar. Já tem tudo, e é tudo. Seu estado de entregua dispensa-o de ansiedades, fobias, receios, revoltas, indignações, inseguranças, finalmente, de todos esses e outros estados aflitivos da mente, que tornam o homem explosivo, mau, e mesmo feroz, quando ameaçado ou contrariado. O devoto que se entregou está acima de qualquer ofensa ou queixa; vive em ahimsá tão natural como um regato que corre e uma flor que abre. Seu euzinho, que era reivindicante, ranzinza, ciumento, invejoso, ofendível... está gozando a quietude plena. Do exposto, podemos concluir, sem dúvida, que, se a maioria dos homens praticasse a ética do Yoga, que em nada é legalista, repressiva, obsessiva, fanática e mórbida, reinaria a Paz na Humanidade. Viveríamos gostosa e gloriosamente em ahimsá.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Yoga para iniciantes: a teoria e a prática

Por Rosana Biondillo

O Yoga é considerado uma disciplina prática. Numa aula, há várias partes que formam um conjunto harmônico. Cada uma dessas partes enfatiza um aspecto, como: preceitos éticos, posturas psicofísicas, respiração, relaxamento, concentração e meditação.
É um trabalho que integra corpo e mente de maneira consciente, promovendo uma reestruturação mental e orgânica do praticante. É por esse motivo que o mais apropriado é dizer "praticar Yoga", e não "fazer Yoga". Porém, isso não significa que o Yoga não tenha teoria. Tem, e muita! Só que, por si só, essa teoria é mero conhecimento intelectual. Importantíssimo, sem dúvida. Porém, no contexto do Yoga, a teoria deve ser incorporada à prática. Tem que ser "experimentada". O praticante que estuda os textos tradicionais do Yoga pode compreender melhor suas experiências e avançar em sua prática. Mas tem que praticar.
Por quê Yoga? Aos que desejam começar a praticar, antes é importante ter em mente o objetivo: por que Yoga exatamente?
Vale lembrar aqui a definição dada pelo sábio indiano Pátañjali, em seu magistral Yoga Sutra: "Yoga é a parada voluntária dos turbilhões da mente”, ou, em outras palavras, Yoga é meditação. Mas não se assuste com isso, pois embora o Yoga seja uma disciplina intimamente ligada à evolução interior (mas não seja religião) e tenha tanto a oferecer aos seres humanos, não há motivos considerados "menores" para sua escolha. Há, sim, razões e expectativas diferentes e diferenciadas.
Algumas pessoas procuram o Yoga como uma forma de aumentar a flexibilidade, para reduzir e controlar o estresse, como terapia (Yogaterapia), como condicionamento físico e, quase nunca, por aspirações filosóficas ligadas ao crescimento pessoal e ao despertar para uma vida interior mais plena.
É importante ressaltar, como forma de ilustração, que na Índia a fome e a miséria também já levaram muitos a “optar” pelo Yoga para ter um lugar para morar e um pouco de alimento. Um quadro que não combina muito com o romantismo que cerca nossas idéias sobre o Oriente, mas que pode servir como exemplo do que também acontece por lá.
A verdade é que as misérias e mazelas humanas são muitas e tentar analisá-las racionalmente pode levar a mais mal-entendidos e preconceitos do que a possíveis e saudáveis soluções. Por isso, só você pode e deve analisar seus reais motivos com critério e atenção, pois várias são as técnicas yóguicas, como também várias são as suas abordagens. Estima-se que atualmente haja mais de quarenta tipos de Yoga sendo ensinados! Portanto, opções é o que não faltam.
Livre-se das expectativas!
Uma dica importante: não espere muito e não seja imediatista. Tenha em mente que a prática de Yoga não opera mágicas, milagres muito menos, e nem é a única opção para quem deseja trilhar o caminho da evolução humana. Como em todas as atividades, trabalho, equilíbrio e reflexão constantes são fundamentais.
Refletindo com sabedoria
Refletir com sabedoria é uma prática de Yoga que pode lhe trazer mais clareza e serenidade mental, especialmente nos inúmeros momentos de decisão. Por isso, analise mais esta sugestão: é importante ler sempre textos e mensagens de qualidade, que engrandeçam suas idéias e atitudes, como esta que você lê a seguir:
"O Yoga é uma visão de mundo perfeitamente estruturado e integrado que visa a transformação do ser humano de sua forma atual e grosseira numa forma perfeita... Pode-se dizer que o Yoga visa a liberdade em relação à natureza, incluindo-se aí a liberdade em relação à natureza humana; seu vôo almeja a transcendência da humanidade e do cosmos; almeja o puro ser." (Ravindra)

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A HISTÓRIA DE GANESHA

origem e simbologia

Ganesha é o primeiro Deus a ser reverenciado em todos os rituais Hindus. Está nas portas dos templos e casas protegendo as suas entradas. Ganesha é o Deus que remove todos os obstáculos, ele é o protetor de todos os seres. Ele também é o Deus do conhecimento. Ganesha representa o sábio, o homem em plenitude, e os meios de realização. Sua figura revela um significado profundo e necessita ser desdobrada.
Ganesha é filho de Shiva e Parvati. Shiva vivia nas montanhas dos Himalayas e raramente visitava sua esposa Parvati. Shiva e Parvati abraçados são a representação do Tantra. Os Puranas dizem que a relação sexual durava milênios mas Shiva não ejaculava, tinha completo domínio (Vama Tantra), assim Shiva não tinha filhos. Parvati gostava de se preparar para receber Shiva, mas todos os guardiões falhavam quando se tratava de Shiva, assim Parvati resolveu ter o seu próprio filho e guardião; retirou de si o material e deu vida a criança, Ganesha aprendeu a lutar bravamente e se tornou o guardião de seus aposentos. Um dia Shiva chegou e quis entrar, Ganesha bloqueou sua entrada. Shiva não aceitou de ser impedido de entrar e ordenou que seus guardas lutassem, Ganesha venceu todo o seu exército então Shiva lutou até decaptar Ganesha. Parvati chorou muito e reinvidicou que Shiva devolvesse a vida a seu filho , Shiva disse que ele não podia ser seu filho, realmente ele era somente filho de Parvati - a matéria mortal, assim Shiva ordenou que seu exército fossem para o norte e que trouxessem a primeira cabeça de um ser vivo que encontrassem; encontraram um elefante. Shiva colocou a cabeça de elefante sobre o corpo do menino e deu vida a ele. Parvati exigiu que Ganesha fosse o primeiro a ser reverenciado em todos os rituais. Ganesha passou a ser filho também de Shiva e se tornou um Deus.


Como todas as lendas encerram dentro de si um significado maior, vamos desdobrar a simbologia da história de Ganesha. Primeiro conta os Puranas que Ganesha tem um corpo físico “criado” por Parvati, símbolo da matéria perecível, ou seja que é humano. Mostra que ele não conhece o pai - Shiva, a realidade Suprema. Quando Parvati solicita sua proteção ele a obedece incondicionalmente (cuida a matéria, é apegado a ela). Quando seu pai chega, luta com ele (não quer perder a individualidade) não o reconhece, mas luta com bravura, quer cumprir o seu dever. O pai admira sua coragem, mas não podendo deixá-lo vencer, corta a sua cabeça (ego, mente, arrogância) e ele morre. Parvati zangada com a morte do filho mostra a matéria não querendo perder seu “nome e forma”. Shiva coloca uma nova cabeça no filho que renasce pelas mãos de Shiva, nasce do supremo. Parvati ficando contente com as promessas de Shiva de que seu filho será reverenciado no início de todos os rituais e cerimônias e, antes de qualquer empreendimento mostra que a perda da individualidade é o ganho do absoluto, da plenitude. O sábio vence todos os desafios, luta com bravura, remove todos os obstáculos e depois morre, perde a cabeça para ganhar uma nova dada por Shiva, o absoluto.


Ganesha tem uma enorme cabeça de elefante, imensa para um corpo de menino indicando sua capacidade intelectual e a firme dedicação ao estudo das escrituras. Ganesha é o Sábio. Ganesha tem na fronte o Vibhuti e um pequeno tridente indicando que é filho de Shiva - o Senhor da disciplina e da aniquilação da ignorância, indica também, que o sábio tem sempre em mente o Ser Supremo. As enormes orelhas e a cabeça de elefante representam os dois primeiros passos para a auto realização - “Sravanam”, escutar o ensinamento e “Mananam”, refletir sobre ele. A tromba representa “Viveka”, a capacidade de discriminação entre Nitya, o eterno e ilimitado, e Anitya, o não eterno. O intelecto do homem comum está sempre preso entre os pares de opostos (as presas), o Sábio não é mais afetado por esses pares de opostos (frio-calor, prazer-dor, alegria-tristeza,etc) tendo atingido um estado de equanimidade , representado por uma das presas quebrada. O Sábio nunca esquece sua verdadeira natureza (memória de elefante). A barriga enorme representa sua capacidade de engolir, digerir e assimilar todos os obstáculos, assim como o ensinamento escutado. O ratinho que fica aos seus pés simboliza o Ego e seus desejos com sua voracidade e cobiça, freqüentemente roubando mais do que pode comer e estocando mais do que pode lembrar. O Sábio tem o desejo sob total controle, por isso o ratinho olha para cima e aguarda sua permissão para comer os objetos dos sentidos. No dia de Ganesha é aconselhavel não olhar para a lua, pois conta os puranas que a lua riu de Ganesha voando pelo céu em seu veículo o ratinho(corpo). A lua representa o ignorante rindo do sábio. Esta imagem representa o Sábio tentando passar sua sabedoria infinita através de seus equipamentos finitos(corpo e mente).Ganesha possui quatro braços que são utilizados na ação de destruir os obstáculos:A mão superior direita carrega uma machadinha - Ishvara na forma de Ganesha (senhor dos obstáculos) decepa os apegos aos objetos como fonte de felicidade e a falsa identificação com o corpo , elimina os obstáculos para que possamos ter uma mente tranqüila e possibilitar o conhecimento.A mão superior esquerda leva um laço e ou um lotus - Com o laço ele prende a atenção na verdade, na realidade suprema, ou seja no Eu absoluto. O Lotus é a natureza pura, absoluta e imaculada.A mão inferior direita abençoa com Abhãya Mudrã - Estra mudrã abençoa com prosperidade e destemor. Freqüentemente encontramos um Japa-mala, mostrando que esta prosperidade está na forma de Japa (repetição de um mantra) a mais eficaz técnica de preparação da mente.A mão inferior esquerda oferece Modaka - Modaka é um doce de leite e arroz tostado que representa a satisfação, a plenitude que se alcança com um caminho de disciplina e auto conhecimento.

AOS MESTRES

AOS MESTRES